Um sistema inovador utiliza bombas de calor para reaproveitar a energia do esgoto de Paris para uma escola primária. Wattignies, no sudeste da cidade-luz, é a escola aquecida pelos históricos canais através de coletores de calor, instalados dentro dos tubos. Por meio deles, o ar quente é retido e enviado para os permutadores, que chegam até bombas que aquecem o prédio.
O projeto é uma cooperação entre a empresa de gestão de limpeza de água de Paris (ECD) com a Compagnie Parisienne de Chauffage Urbain (CPCU) e a Lyonnaise des Eaux. Segundo afirmam os responsáveis pelo projeto, cerca de 70% do prédio é aquecido pelo calor proveniente das tubulações, o que representa um prognóstico bastante positivo e animador. E, com isso, acredita-se que 73 mil toneladas de CO2 são poupadas, reforçando o valor sustentável de todo esse processo.
O esgoto de Paris, por si só, é uma aula de história. Sua arquitetura e construção, originadas do século XIV, tentavam resolver problemas apontados já na Idade Média. Sua estrutura utiliza a gravidade como energia propulsora do fluxo dos dutos e possui uma área aberta a visitação. É quase um ponto turístico, citado em algumas passagens de clássicos da literatura como “Os Miseráveis” de Victor Hugo. É como uma cidade sob a cidade, com vias e ruas numeradas. Em vista disso, a aplicação desse sistema se beneficiou dessa estrutura específica da cidade. A Escola de Wattignies, por sua vez, foi escolhida por sua localização próxima aos canais, possibilitando a implantação do projeto.
O processo já vinha sendo utilizado para aquecer algumas piscinas nos arredores da capital francesa. Estima-se que a água dos lares chega aos esgotos das grandes cidades com 15ºC a 20ºC, uma temperatura que antes era desperdiçada e que hoje é convertida e reaproveitada em forma de energia. O empreendimento representa uma nova forma de captação energia, aliando sustentabilidade a limpeza e segurança no saneamento básico. A prefeitura de Paris já planeja a expansão do sistema a outras regiões próximas a canais de esgoto.
