Apesar de ser maioria, os pequenos e médios empresários brasileiros estão distantes das discussões sobre uso sustentável da biodiversidade. O alerta feito pelo gerente executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Shelley de Sousa Carneiro, tinha o governo como principal alvo.
Durante a reunião do Movimento Empresarial pelo Uso Sustentável da Biodiversidade (MEB), em 31 de outubro, em São Paulo, para definir como os empresários irão incorporar as metas para a biodiversidade definidas pela Convenção da Biodiversidade da ONU, o líder empresarial defendeu maior envolvimento do setor nas políticas públicas de meio ambiente.
A resposta foi imediata. Presente ao evento, o secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Bráulio Dias, adiantou que o governo prepara uma série de medidas para que a política nacional de biodiversidade possa refletir as preocupações e necessidades dos pequenos e médios empresários em relação ao uso sustentável da biodiversidade. Entre as iniciativas, uma cartilha adaptada à realidade econômica e cultural brasileira.
A intenção, segundo ele, é aproximar os pequenos e médios empresários da discussão sobre os objetivos traçados no Plano Estratégico da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) até 2020. O plano foi definido na 10ª Convenção das Partes da CDB, realizada em Nagoya, em outubro do ano passado, juntamente com as metas de Aichi de Biodiversidade.
Dias lembrou que as metas de Aichi começaram a ser internalizadas pelo setor empresarial em agosto deste ano a partir dos Diálogos sobre Biodiversidade, um processo conduzido pelo MMA de consulta setorial e que já envolve empresários, ONGs e povos tradicionais. O setor acadêmico e os governos deverão ser ouvidos até o final de novembro.
De acordo com o secretário, é preciso mostrar a biodiversidade como oportunidade de negócios, seja no desenvolvimento de novos produtos ou no aprimoramento de tecnologias que garantam o uso correto dos recursos naturais.
Cerca de 50 empresas e representações do setor organizadas pelo MEB já participam dos Diálogos sobre Biodiversidade. “Algumas das grandes empresas e corporações brasileiras já estão envolvidas. Queremos que as pequenas e médias empresas se apropriem desse espaço político”, disse Caio Magri (Instituto Ethos), líder do MEB.
Para garantir a mais ampla participação empresarial, Magri defende a criação de uma instância permanente que represente os empresários nas discussões sobre proteção e uso da biodiversidade. Segundo ele, é preciso não só internalizar as metas, mas também acompanhar sua aplicação e revisar constantemente os procedimentos, alertando o governo e a sociedade sobre os avanços tecnológicos do setor produtivo.
Fonte: Jaime Gesisky
ASCOM