Descoberta do processo de interação do alume com o sistema imunológico abre portas para a criação de vacinas contra HIV, tuberculose e malária
Catalisador do processo imunológico de diversas vacinas, o alume (ou sulfato duplo de alumínio e potássio) teve sua interação com as células humanas considerada um pequeno mistério científico por anos. Mas um recente estudo conduzido por uma equipe da University of Calgary´s Faculty of Medicine, no Canadá, descobriu exatamente como a substância funciona e interage no organismo após a vacinação. Publicado no periódico científico Nature Medicine, o achado pretende melhorar a maneira como as vacinas são produzidas, além de abrir possibilidades para a criação de outras mais eficientes contra aids e tuberculose.
“Entender as propriedades do alume é de vital importância para a criação de novas vacinas. Esse era o único caminho pelo qual poderíamos entender como as vacinas já criadas funcionam e como aperfeiçoar esse mecanismo para doenças ainda sem prevenção”, diz Yan Shi, um dos membros da equipe de pesquisadores.
Ação – O alume é uma das substâncias presentes na vacina mais eficiente em induzir uma resposta do anticorpo, além de ser o único adjuvante (medicamento que, ministrado com um outro, reforça a ação do primeiro) aprovado para vacinas e usado em larga escala. A substância é usada há mais de 90 anos e está presente em quase todas as vacinas que recebemos desde crianças.
“O que descobrimos nesse estudo pode nos ajudar a manipular o alume com um adjuvante adicional, por exemplo, para atacar doenças maiores, como o HIV, a tuberculose e a malária”, diz Tracy Flach, coordenadora da pesquisa. De acordo com a cientista, o alume interage diretamente com um grupo de células imunológicas chamadas dendríticas. Essas células, consideradas as sentinelas do corpo, ativam um grupo de células T, que controlam a produção de anticorpos, assim que interagem com o alume. É essa interação que, agora, a equipe de Tracy pretende estudar para o desenvolvimento de novas vacinas.
Fonte: VEJA