Após provocar uma crise entre poderes no inicio desta semana, o senador Expedito Júnior (PSDB-RO) desistiu ontem do recurso apresentado no Senado contra a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que cassou seu mandato. Acir Gurgacz (PDT-RO) assumiu a vaga. Ele também sofre processos na Justiça Eleitoral e, se condenado, poderá perder a cadeira recém-conquistada.

Expedito foi acusado de compra de votos e abuso de poder econômico durante a eleição de 2006. Mesmo depois de ter sido cassado em todas as instâncias, resistiu com recursos ao STF. Na semana passada, o tribunal determinou que a Mesa Diretora do Senado (colegiado de comando da Casa) destituísse Expedito e empossasse Gurgacz, segundo colocado no pleito.

Orientado por colegas do DEM e do PSDB, Expedito recorreu à Mesa. A estratégia foi combinada com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que, apesar disso, disse que foi “voto vencido” na questão e que o Senado deveria ter cumprido a decisão.

A posição ambígua de Sarney irritou os demais integrantes da Mesa. “Ele [Sarney] podia ter tomado a decisão sozinho. Nem precisava ouvir a Mesa”, afirmou o primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI).

A estratégia de protelar a cassação fracassou quando o presidente da CCJ, Demóstenes Torres (DEM-GO), assumiu a relatoria e prometeu parecer na semana que vem. “Ninguém contava com isso”, disse Lobão Filho (PMDB-MA).

A repercussão negativa e as reclamações dos ministros do STF também levaram ao recuo. Ontem pela manhã, o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), telefonou para Expedito para convencê-lo a desistir. “Não esperávamos que esse assunto virasse uma crise institucional que abalasse ainda mais a imagem do Senado”, disse o tucano.

Depois de receber a notícia de que Expedito renunciaria, Sarney empossou Gurgacz e, em seguida, foi ao STF para tentar desfazer o mal-estar.

Gurgacz reconheceu que suas empresas são alvo de mais de 200 processos na Justiça comum. Na Justiça Eleitoral de Rondônia, o novo senador responde a processo por suposto uso de um jornal da família para promoção da sua candidatura nas eleições de 2006.

Folha de São Paulo