Certificação concedida pelo Procel e Inmetro mapeia e reconhece as condições de eficiência energética e conforto térmico de edificações; projeto e construção da sede do CSS foram classificados no nível A
Rita Comini
O projeto e a construção do Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS) receberam o selo Procel Edifica, uma certificação concedida pelo Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) e Instituto Nacional de Metrologia Normalização Qualidade Industrial (Inmetro), que mapeia as condições de eficiência energética e conforto térmico das edificações.
Com nota 5,6 em um total máximo de 6, a edificação foi enquadrada no nível A, o mais alto do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE). Agora, o CSS integra lista de 66 edificações comerciais, de serviço e públicos com o selo, e torna-se o primeiro em Mato Grosso a receber a certificação. No Centro-Oeste, apenas Brasília possui construções com o selo Procel Edifica e são apenas quatro. O prédio foi construído pelo Sebrae para ser um laboratório vivo onde os empresários podem vivenciar experiências de construção sustentável do ponto de vista ambiental, econômico e social. As obras começaram em 2008 e a inauguração ocorreu em outubro de 2010.
O autor é o arquiteto José Afonso Botura Portocarrero, professor do curso de arquitetura da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).O prédio segue os preceitos da arquitetura sustentável e é inspirado nas construções indígenas.
“É um desenho que vem lá dos nossos ancestrais, das nossas raízes e que tem muita tecnologia proporcionando conforto térmico, economia de energia e segurança”, destaca o arquiteto, que também é autor do livro “Tecnologia Indígena em Mato Grosso – Habitação”, lançado por ocasião da inauguração do prédio, em 2010, pela editora Entrelinhas.
Ele ressalta alguns aspectos da edificação, como a existência da casca dupla de concreto, que cria uma “bolsa” para insular o ar quente tornando o ambiente mais fresco até 5 graus em relação à temperatura externa. “As construções indígenas sempre têm várias camadas de cobertura de palha”, reforça, acrescentando que obter o selo Procel Edifica é muito importante, porque valoriza a arquitetura e a cultura indígenas. “O selo tirou a prova dos nove e comprovou o que eu sempre tive certeza com relação à eficiência construtiva da arquitetura indígena”.
Para o superintendente do Sebrae em Mato Grosso, José Guilherme Barbosa Ribeiro, esse selo credencia a instituição a buscar outras certificações na Europa e nos Estados Unidos. Segundo ele, a lógica da tomada de decisão do Sebrae é sempre valorizar os produtos, serviços e a cultura. “Tínhamos convicção de que as práticas da arquitetura indígena eram todas sustentáveis e buscavam o bem estar do homem, em sintonia com o meio ambiente ao redor. Por isso, fomos buscar um arquiteto que acreditava nesta tese e que estivesse disposto a fazer um projeto ousado dentro de um sistema vigente que prefere ‘importar’ técnicas do Sul e Sudeste, adequadas àquelas regiões e não às nossas”, pontua.
Ele acrescenta que o prédio do CSS teve como princípio básico a valorização da nossa cultura, mostrando para a sociedade e para o setor de construção civil, que podemos e devemos valorizar essa cultura, os profissionais e os empresários de nosso estado.
A engenheira Suenia Sousa, coordenadora do centro e quem gerenciou a obra, destaca que 50% da energia produzida nos países são usados para viver nas cidades. “Com o crescente processo de urbanização e uso de tecnologias, há um aumento de consumo, portanto, as construções que observam princípios da arquitetura bioclimática e sustentável, como a indígena, colaboram para a redução do consumo de energia, sem comprometer a qualidade, o conforto e a segurança da edificação”.
Dados técnicos apontam que em uma reforma pode haver redução de consumo de até 30% e numa construção, essa economia chega a 50%. “Isso ficou comprovado no CSS”, diz a engenheira. Ela acrescenta que isso é bom para os negócios e para a sociedade como um todo.
Suenia enfatiza que a certificação é uma ferramenta altamente eficiente porque mede resultados econômicos, na medida em que reduz custos sociais, proporcionando bem estar e conforto; e ambiental, evitando grandes estruturas para alimentar, conduzir e armazenar energia. Segundo ela, é fundamental para o CSS ter essa certificação, porque credencia o centro a falar de redução de energia e resíduos sólidos, duas prioridades do trabalho do Sebrae em sustentabilidade nos pequenos negócios.
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