Serristas querem cargos de comando, um deles para abrigar o ex-governador

Grupo ligado a Aécio prometeu instituto para Tasso Jereissati; pano de fundo da disputa é a eleição presidencial

VERA MAGALHÃES
DE SÃO PAULO

O PSDB de São Paulo formalizou ontem para o presidente nacional do partido, Sérgio Guerra (PE), a reivindicação por dois postos no comando nacional da legenda: a secretaria-geral e a presidência do ITV (Instituto Teotônio Vilela) para o ex-governador José Serra.
A princípio refratário às duas reivindicações, Guerra esteve com o governador Geraldo Alckmin e com a Executiva Estadual do partido.
Guerra tenta ser reconduzido ao posto na convenção nacional do PSDB, que acontece no sábado, em Brasília.
Até lá, tanto partidários do atual presidente quanto os alinhados com Serra e Alckmin apostam numa negociação que só terá desfecho conhecido na reta final.
Alckmin insistiu que Serra seja conduzido para a presidência do ITV, instituto ligado ao partido e responsável pela organização de seminários e pesquisas e pelas publicações tucanas. O pedido foi reforçado pela Executiva.
“São Paulo não pode ser preterido. Seria desrespeitar o maior Estado da federação, governado pelo PSDB”, disse o líder da sigla na Assembleia, Orlando Morando.
Segundo ele, a seção paulista do PSDB não aceitará menos que os dois cargos.
Os paulistas dizem ter o apoio de quatro diretórios: Paraná, Espírito Santo, Bahia e Rio Grande do Sul.
Guerra e o senador Aécio Neves, seu aliado, já prometeram a vaga para o ex-senador Tasso Jereissati.
Na semana passada, diante do pedido de Alckmin para que Serra ocupasse o comando do ITV, os dois reiteraram o apoio a Tasso -inclusive em reunião em que, diante do cearense, pediram apoio da bancada no Senado.
Guerra tenta oferecer a primeira-vice-presidência do PSDB, hoje ocupada pela senadora Marisa Serrano, para acomodar os serristas.
Mas o grupo do ex-presidenciável diz que o cargo é figurativo, e que a presença do aecista Rodrigo de Castro na secretaria-geral -o segundo na hierarquia- desequilibra o jogo a favor de Aécio.
Tanto o mineiro quanto Serra não escondem a pretensão de ser candidatos a presidente em 2014.
O nome de consenso dos paulistas para a secretaria-geral é o do ex-vice-governador Alberto Goldman. Guerra pretendia se reunir com ele, mas Goldman foi internado para uma série de exames.

CONSENSO
Na reunião com os paulistas, Guerra mais ouviu do que falou. Disse que procurará o consenso até sábado.
“Já tinha conhecimento dos dois pleitos. Vamos ter uma composição equilibrada, e São Paulo estará sempre no centro disso”, disse. Ele afirmou que pretende levar em consideração as ponderações de Alckmin. “Ele pede o que quiser, e o partido sempre vai dar atenção.”
Após o encontro com a Executiva Estadual, o presidente do PSDB ainda tentaria se reunir com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Se os paulistas insistirem, a segunda tentativa do grupo de Guerra deve ser oferecer um dos dois postos pedidos.
Caso o impasse se mantenha, aliados de Serra ameaçam tentar impedir a recondução do deputado à presidência amparados em parecer que diz que, pelo estatuto, o presidente só fica no cargo por quatro anos -Guerra assumiu em maio de 2007.

Fonte: Folha de S. Paulo