Fernanda Valente

Poliana Okimoto foi a primeira mulher a conquistar uma medalha olímpica na natação feminina brasileira. Ela conquistou o bronze, na modalidade de Maratonas Aquáticos, a modalidade mais difícil, nos Jogos Olímpicos 2016. E numa entrevista coletiva na Universidade Santa Cecília, na instituição que a representa, contou como foi a sua trajetória.
Nada parece intimidar a nadadora Poliana. Aos 33 anos, muitos a criticaram por ser considerada velha para a prática do esporte, mas mesmo assim, não deu ouvidos às críticas destrutivas e seguiu em frente. Ela já treina há 16 anos para as provas olímpicas, que é o sonho de todos os atletas da maratona aquática, aquelas que lutam para brilhar e brigar no mar. Além disso, precisam lidar com os chutes, cotoveladas das adversárias que podem ser propositais, ou não, e ainda assim, tentar manter o foco e vencer a corrida.
Poliana, com muita paciência, entrou no mar para vencer. “Eu me esforcei muito, treinei muito, estava bem focada no meu objetivo”, disse. Mas a notícia do bronze de que ganhou o terceiro lugar só soube mesmo quando já estava fora do mar, com a desclassificação da francesa Aurelie Muller, que montou na italiana Raquele Bruni, na hora da chegada. A italiana conquistou a prata e Poliana que chegou em quarto lugar, levou a medalha de bronze.
Chegar na quarta colocação não fez Poliana se sentir frustrada. “Eu sabia que tinha a chance de ganhar a medalha. Eu estava dando o meu melhor. Eu treinei muito. Eu me esforcei muito e mereci”. Nos olhos brilhantes da nadadora dá para sentir o sonho conquistado, o legado que levará para a vida toda. E não foi um sonho que realizou sozinha. Casada há 13 anos com o seu treinador Ricardo Cintra, ele também levou a medalha. “É medalha é nossa. Foi um trabalho nosso. Fiz tudo por amor, talvez esse seja o diferencial”, falou.
E com isso, o pró-reitor administrativo da UNISANTA, Marcelo Teixeira noticiou que a história de amor deles começou exatamente na piscina da UNISANTA. “Eles se conheceram nesta piscina. Eles começaram a namorar aqui. Esta medalha é fruto do amor, que foi fundamental para que a Poliana, Cintra, a UNISANTA e o Brasil trouxessem a medalha para cá. Imaginem o dia a dia de um técnico que exige, briga, luta com a sua atleta, mas que é ao mesmo tempo a sua esposa”, explicou.
Durante a coletiva, Poliana também falou sobre o acompanhamento psicológico que teve, pois em 2012, na Olimpíada de Londres, precisou abandonar a prova por conta de uma hipotemia, desmaiou e foi parar no centro médico “Tive que trabalhar muito a questão do medo. Eu não queria passar por isso novamente. E nadar no mar é depender da temperatura, do clima. É muita dor. Mas eu gosto de sentir dor porque para conquistar uma vitória é passar antes por muitas derrotas e fracassos. Sentir dor é não desistir”, concluiu a vencedora.
Antes da coletiva, Poliana recebeu um diploma de Honra ao Mérito da Universidade Santa Cecília e uma honraria da Confederação Aquática de São Paulo, entregue por Maurício de Oliveira, supervisor da Confederação.