O desmatamento na Amazônia brasileira entre 2008 e 2019 poderia ser reduzido pela metade se fossem investidos cerca de US$ 6 bilhões (R$ 11,1 bilhões) em serviços de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação, conhecidos como Redd, considerando o valor atual do preço do carbono por tonelada, que é de cerca de US$ 3 (R$ 5,5).
A estimativa é resultado do estudo Pagamentos Diretos para a Conservação na Região Amazônica Brasileira – Implicações do Alcance e da Participação, publicado há cerca de um mês por pesquisadores alemães e brasileiros do Centro Internacional de Pesquisa Florestal (Cifor, na sigla em inglês), do Centro Mundial Agroflorestal e da Universidade Federal do Pará (Ufpa).
De acordo com Jan Börner, um dos autores da pesquisa, a previsão considera apenas o potencial econômico dos pagamentos por serviços ambientais. “O potencial é grande, mas depende de regularizar a questão fundiária porque, para implementar pagamentos por Redd, existe a condição de ter direito exclusivo da terra, o que só ocorre em 25% dos casos”, diz ele.
A pesquisa também simulou como seria feita a distribuição de renda em diferentes aplicações de Redd na Amazônia brasileira. “O serviço pode pagar um valor para todos ou, por exemplo, quem tem mais floresta poderia receber mais do que quem tem floresta degradada”, diz Börner.
Levando em conta a questão financeira, a conclusão da pesquisa foi de que os pagamentos por serviços ambientais, se começassem a ser implantados agora, beneficiariam sobretudo grandes proprietários. Para os pesquisadores, grandes poprietários têm mais de 100 hectares de terras e suas áreas desmatadas são, geralmente, maiores do que 20 hectares. São eles, segundo a pesquisa, os responsáveis por 80% do desmatamento nos últimos anos.
Börner destaca o Programa Terra Legal, vinculado ao Ministério de Desenvolvimento Agrário, como uma forma pragmática de resolver a questão fundiária de pequenas propriedades. “Mas o problema é maior para desmatamentos em grande escala, que muitas vezes acontecem em terras griladas e em função de poderosos interesses econômicos”, diz o pesquisador.
Por meio de um sistema na internet, ainda em fase de teste, os pesquisadores permitem que qualquer um possa calcular que investimentos seriam necessários para preservar determinadas áreas na floresta. Para saber isso, basta entrar no site de apoio da pesquisa e selecionar a área direto em um mapa.
Globo Amazônia