A redução de 30% da produção e do consumo de carne entre os principais produtores, associada a avanços tecnológicos, pode reduzir sensivelmente as emissões e o número de doenças cardíacas, mostra estudo na revista científica britânica “The Lancet”.
Ela contextualiza, dizendo que a agricultura e a alimentação representam de 10% a 12% das emissões mundiais de gases causadores do efeito estufa.
O estudo faz parte de uma série publicada na “The Lancet” em função da aproximação da Cúpula de Copenhague, que acontece entre 7 e 18 de dezembro. A iniciativa antecipa os benefícios para a saúde e clima de ações que podem ser adotadas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa.
Ciclistas
A revista mostra também que preparar as cidades para pedestres e ciclistas pode ajudar mais a reduzir o impacto para a saúde do que incentivar a fabricação de carros menos poluentes.
A reformulação dos transportes nas cidades de Londres e Nova Déli mostrou que, quanto mais espaços para pedestres e bicicletas, menor o número de doenças cardíacas e de acidentes vasculares cerebrais.
A redução de parte da eletricidade produzida a partir de energias fósseis (gás, carvão e petróleo) teria um duplo benefício, para o clima e para a saúde humana, reduzindo a poluição do ar.
Adotando como hipótese uma trajetória de divisão por dois das emissões mundiais de CO2 até 2050, os estudos analisam o impacto para a saúde em cada país.
O efeito mais acentuado seria na Índia, onde, no melhor dos casos, se poderia evitar 93.000 mortes por câncer de pulmão, doenças cardiovasculares e cardiorrespiratórias em 2030 em relação a um cenário sem esforço específico.
Reconhecimento
“Os políticos com poder de decisão custaram a reconhecer que o verdadeiro problema da mudança climática está no risco de afetar a saúde humana e a qualidade de vida”, disse a diretora da Organização Mundial da Saúde (OMS) Margaret Chan.
“A desnutrição e seus efeitos devastadores sobre a saúde das crianças vai aumentar”, destacou, incluindo os arriscados aumentos de temperatura entre idosos, destacou.
“Além disso, a mudança climática pode modificar a distribuição geográfica dos vetores das doenças, entre as quais os insetos que transmitem a malária e a dengue”, advertiu.
Folha de São Paulo