Rio de Janeiro, capital federal. São Paulo, capital financeira. Há 80 anos, era urgente uma ligação decente entre as duas. Em 1928, a Rio-São Paulo reduzia o tempo de viagem de 114 horas para 10 horas. Na década de 1950, o tempo caía para seis horas com a pista duplicada -o então presidente Eurico Gaspar Dutra cedeu o sobrenome para a BR-2 (hoje BR-116).
Hoje, é a rota de muitos paulistanos que viajarão no Carnaval -especialmente dos que vão curti-lo no Rio de Janeiro. Montanhas tornam a Dutra perigosa. Segundo a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), é a 11ª estrada mais segura do país. Cruzes nos acostamentos avisam que acidentes são comuns nas curvas de Lavrinhas, Lorena (SP), Volta Redonda e Resende (RJ).
Também há quem pegue a Dutra para ir ao Circuito das Águas, no sul de Minas. A saída 330A -pouco antes do pedágio de Itatiaia, no sentido Rio- dá acesso à cativante BR-354.
Curvas, montanhas, lagos, fazendas coloniais, eucaliptos e bromélias dão à estrada um quê romântico, como nas serras gaúchas. Ponto de parada para fotos: a enorme parede com flores em diferentes tons de azul no km 6 do Parque Nacional de Itatiaia, ao lado de um chalé.
Mirante na serra
Até chegar ao pico das Agulhas Negras -um dos pontos mais altos do Brasil-, a condição da estrada não é boa. O asfalto está rachado e parte da sinalização fica tapada por árvores. Sem falar no grande movimento de ônibus. O próprio pico, a 29 quilômetros da Dutra, é um destaque. Da BR-354, são 17 quilômetros até o mirante principal. A estrada de terra não é das melhores, mas qualquer carro com tração 4×2 pode encará-la.
No cume da serra, a estrada muda: há faixas entre as pistas, curvas têm proteção contra impactos e cruzamentos são sinalizados. Também aparecem placas para São Lourenço, Caxambu e Varginha, em Minas. Às 18h30, as plantações de eucaliptos encobrem os raios de sol e “riscam” a estrada. E segue assim até o Parque das Águas, no centro de São Lourenço. Ao todo, são 380 quilômetros e mais de cinco horas de viagem.
Folha de São Paulo
