Uma salva de palmas comandada por convidados de pé marcou a despedida antecipada de Yvo de Boer do cargo de secretário executivo da Convenção do Clima da ONU (UNFCCC), nesta quarta-feira, 9 de junho, em Bonn (Alemanha). A princípio, o diplomata holandês só entregaria o posto em 1º de julho, mas preferiu aproveitar o encontro sobre o tema na cidade alemã, onde ratificou a despedida. Ele será substituído por Christiana Figueres, da Costa Rica.

Ao todo, De Boer ficou quatro anos à frente da UNFCCC, mas acabou desgastado com o fracasso da 15ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre o Clima (COP15), realizada em dezembro de 2009, em Copenhague (Dinamarca), quando os líderes mundiais deixaram de estabelecer um acordo com peso de lei internacional (de cumprimento obrigatório) capaz de traçar novos rumos para problemas como as mudanças climáticas e o aquecimento global.

“Copenhague não entregou inteiramente o que se esperava. Há uma profusão de motivos para isso. Mas como o professor Al Sabban (negociador da Arábia Saudita) disse ontem, nós experimentamos desapontamentos antes e avançamos apesar deles. Se não for bem sucedido na primeira vez, tente, tente, tente de novo “, discursou De Boer, segundo relato da enviada especial do jornal O Estado de S.Paulo à Bonn, Afra Balazina.

Na opinião de Balazina, o desgaste de Yvo de Boer em relação a ONU, se deu em parte por ele “falar e aparecer demais”. Segundo a analista, em vez de ter uma posição mais neutra, “ele fazia críticas a países que dificultavam a negociação.”

Yvo de Boer demonstrou uma postura pessimista antes de entregar o cargo. Em fevereiro deste ano, o então chefe da UNFCCC considerou que a COP16 dificilmente produzirá o acordo que faltou em Copenhague. O evento está previsto para o final de novembro em Cancún, no México. Nesta segunda-feira (7), o holandês estimou que os países desenvolvidos deverão apresentar cortes insuficientes de emissões de dióxido de carbono (CO2) na próxima década.

Sem arriscar precipitações, Christiana Figueres foi mais otimista quando questionada a respeito, ao responder que “não colocaria uma data” e que o avanço nas negociações era “gradual”.

Yvo de Boer trabalhará agora com o tema sustentabilidade nos setores educacional e privado.

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