Vinte anos após o encontro que marcou o início de sua militância ambiental no Brasil, o cantor britânico Sting levou o cacique caiapó Raoni ao palco do show que fez ontem, na Chácara do Jockey, em São Paulo, dentro da programação do festival Natura Nós About Us.

Foi em 1989, a partir do 1º Encontro dos Povos Indígenas do Xingu, em Altamira (PA), que Sting fundou a Rainforest Foundation, ONG que defende os povos indígenas e a preservação das florestas. Ontem, durante “Fragile”, a última canção do show, Sting chamou seu “muito amigo” Raoni ao palco para um dueto improvável. O cacique fez um discurso em língua caiapó do qual só se compreendeu o nome “Sting”. Depois, os dois se uniram em um vocalise tribal.

O ex-The Police intercalou hits de sua antiga banda com sucessos da carreira solo. “If I Lose My Faith in You”, “Message in a Bottle”, “Englishman in New York”, “Set Them Free”, “Roxanne”, “King of Pain” e “Every Breath You Take” estavam no repertório.

O show, que reuniu 14 mil pessoas no final da noite, aconteceu sobre a lama deixada pelo temporal que desabou durante o show da banda The Killers na noite anterior. A produção conseguiu drenar a água de trechos do terreno, mas boa parte da pista ficou dominada por piscinões.

Antes de Sting, subiu ao palco o norte-americano Jason Mraz, que arrancou gritinhos da ala feminina da plateia cada vez que rebolava ou deixava parte do abdômen à mostra. “Lucky”, um dos hits de Mraz, foi entoado com a cantora Sandy. “I’m Yours”, música que foi parte da trilha sonora da novela “A Favorita”, marcou o início da breve chuva.

Brasileiros
“A lama é uma das condições humanas”, gritou Carlinhos Brown durante seu show -o terceiro da maratona, que começou pontualmente às 15h com a apresentação do AfroReggae, vista por menos de mil pessoas. Na sequência, Arnaldo Antunes apresentou as canções de “Iê Iê Iê”, seu mais recente CD. Após oito músicas, teve o som de seu microfone cortado pela produção para evitar atrasos na programação.

Brown fez o show mais animado da tarde, enfileirando sucessos dele e dos Tribalistas. Desceu do palco e fez parte do show no meio da plateia, atolando os sapatos no barro. O cantor também quebrou o protocolo VIP e atravessou a chamada “pista premium” -localizada em frente ao palco, com ingressos a R$ 500- para cantar junto ao público da pista comum, cujos ingressos custavam R$ 120.

Lenine, o último dos brasileiros do festival, fez um show interativo. Dezenas de microfones foram distribuídos para que o público -que incluía a atriz Maria Luiza Mendonça e Brown- cantasse junto.

Folha de São Paulo