Autorização provisória para igreja em Guarulhos é para 30 mil fieis; inauguração prejudicou trânsito em três rodovias
Polícia pediu lista para autuar os ônibus que estacionaram em acostamento e em faixa da marginal da Dutra
ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO
O templo da Igreja Mundial do Poder de Deus não tem alvará para reunir os 140 mil fieis que comporta, como fez anteontem em Guarulhos. A inauguração prejudicou o trânsito em três rodovias.
De acordo com a prefeitura, a igreja tem um alvará provisório de 90 dias -como se fosse o de um show- que autoriza um público máximo de 30 mil pessoas no local.
Os responsáveis pela igreja disseram anteontem que cerca de 2 milhões de pessoas participaram dos cultos ao longo do dia.
Mesmo com o desrespeito ao alvará, a Prefeitura de Guarulhos não anunciou nenhuma sanção à igreja.
Informou que vai monitorar o local para evitar novos problemas e, caso não haja solução, ela poderá eventualmente cassar esse alvará.
A inauguração do templo religioso no primeiro dia do ano transformou num caos a vida dos que utilizaram as rodovias Presidente Dutra, Ayrton Senna e Hélio Smidt, que dá acesso ao aeroporto de Cumbica.
Ônibus com fieis pararam irregularmente no acostamento e em uma das faixas da marginal da Dutra, formando congestionamentos também nas outras rodovias.
Na Hélio Smidt, passageiros com voo marcado desceram do carro e tentaram chegar ao aeroporto caminhando pelo acostamento.
Segundo a prefeitura, um estacionamento com capacidade para 2.000 ônibus foi cedido para a igreja. “Mas a quantidade foi de aproximadamente 6.000.”
A Polícia Rodoviária Federal informou que vai solicitar aos responsáveis pela igreja a lista dos ônibus contratados para transporte de fieis para autuá-los pelo estacionamento irregular.
A polícia afirmou que, por ofício, a igreja informou que o templo reuniria apenas 30 mil pessoas.
Procurado, o Ministério Público Estadual informou não ter sido notificado de problemas com a inauguração da igreja. Se vier a ser provocado, analisará quais medidas podem ser tomadas.
OUTRO LADO
Na tarde de ontem, a Folha tentou contato com os responsáveis pela igreja, mas ninguém quis falar.
Um homem identificado como Franklin, indicado para falar com imprensa, chegou a marcar um horário para conversar com a Folha. Mas não foi mais localizado nem respondeu aos recados deixados com funcionários.
Anteontem, o bispo Josivaldo Batista disse considerar pequenos os transtornos causados pela inauguração perto do número de pessoas.
fonte: folha de sp