surinameHan van den Berg

Han@amazoniabusiness.com

Para ir de Belém à Paramaribo, capital do Suriname, não é tão difícil, diariamente tem voo entre as duas cidades, através da Surinam Airlines. Podemos dizer que Brasil está mais focado internamente que externamente e, quando o Brasil pensa em outros mercados pensa em Europa, Ásia e Estados Unidos. Empresas e turistas que quiserem ficar mais perto de casa os países no MERCOSUL, muitas vezes, é uma boa opção. Exemplo disso são os países que fazem parte da chamada região amazônica com economias crescendo, culturas e natureza ricas. Dois exemplos desta região Merconorte são: Suriname e Guiana Francesa. Recentemente visitei estes mercados para fazer negócios e conto aqui um relato da minha viagem.

 

Suriname

Cheguei de avião em Paramaribo, capital do Suriname, uma ex-colônia holandesa que ganhou sua independência em 1975. A língua nativa continua sendo o holandês, mas por causa da mistura de raças também é falado o  SrananyTongo (Taki Taki) língua dos escravos que vieram da África para trabalhar nas fazendas e açúcar. A população do Suriname tem várias origens: africana (Creoles), hindoes, javanas, holandesa, chinesa e brasileira. Com 500.000 mil habitantes Suriname é um mundo em um país.

Aproximadamente 50.000 brasileiros moram e trabalham no Suriname. A capital possui um bairro só com brasileiros. Dá para assistir as novelas brasileiras em cada barzinho. A maioria dos brasileiros trabalha diretamente ou indiretamente no ramo do garimpo do ouro. A mineração (ouro e bauxita) é um setor importante para a economia do Suriname e é responsável por um terço do PIB do país. Quando o preço de ouro cai, todas as empresas e mercadorias sentem diretamente no bolso. O comércio é cada vez mais dominado pelos chineses.

Quem gosta das apostas e das diversões de um cassino, Paramaribo é um otimo destino. A cidade tem grandes cassinos com Poker, Rolete Black Jack e Autômatos no centro da cidade. Por causa da mistura de raças o Suriname tem uma cozinha muito rica com verduras, peixes e temperos típicos, pratos como moksialesi e roti cury.

Para viajar para a fronteira da Guiana Francesa é necessário ir de táxi (loteamento). Os táxis saem do centro (Waterkant) e a viagem demora cerca de 3 horas até o rio que faz a fronteira entre os países.

 

Guiana Francesa

Guiana Francesa é uma colônia da França, ou seja, União Europeia. Para chegar lá atravessei o rio em um pequeno barco e a viagem demorou cerca de 20 minutos. A cidade que faz fronteira com a Guiana Francesa chama-se St. Laurent, aonde chegam os barcos e saem as vans que vão para Cayenne.  A van demorou a sair porque os postos de gasolina estavam em greve (bem-vindo à França). A viagem de Paramaribo até Cayenne pode ser feita tranquilamente em um dia, não é como viajar de ônibus no Brasil com todo conforto e horários fixos. O motorista de táxi ou van faz voltas na cidade para buscar ou levar alguém, mas com um pouco de paciência a gente chega lá. A moeda que circula no país é o Euro, o que torna a viagem mais cara A viagem de St. Laurent até Cayenne cruza o meio da mata Amazônica e comunidades indígenas e demora 5 horas.

Como o Suriname, a Guiana Francesa também é uma mistura de raças. Aqui também se encontra muitos brasileiros diretamente ou indiretamente envolvidos em garimpo de ouro. A língua oficial em Guiana Francesa é o francês, mas em cada esquina é possível encontrar um brasileiro que fala francês e português.

A estrada nacional que cruza o país é muito boa, padrão Europeu. De uma divisa até a outra é só floresta pura. Muitas lojas e empresas pertencem a redes francesas. Aqui também os comércios (pequenas mercadorias) são dominados pelos chineses. Vale a pena ficar dois dias em Cayenne, pois é uma cidade bonita e boa para fazer compras.

Para chegar à divisa com o Brasil também depende de van, que sai no centro de Cayenne e ainda de uma canoa que vai para a cidade Oiapoque. A ponte Bi-nacional já está pronto faz três anos, mas ainda não foi inaugurada porque a parte da alfândega no lado brasileiro ainda não funciona. Também a BR que liga Macapá ao Oiapoque tem um trecho com 200 km de estrada de chão e pontes precários. A restauração desse trecho depende de negociação com as comunidades indígenas. A ponte Bi-nacional foi construidada para levar mercadoria do porto de Santana (perto Macapá) ate Guiana Francesa.

 

Amapá

Em Oiapoque tem uma pedra onde está escrito: “Aqui começa o Brasil”, do Oiapoque até Macapá você pode ir de ônibus ou de carro. De carro é mais rápido, mas um pouco mais caro. Esta viagem mostra de novo a plenitude da floresta Amazônica. Comparando com Belém, Macapá é uma cidade bem estruturada onde pedestres são respeitados. Para lá vão muitos pessoas de outros estados apostando numa vida melhor. Vale a pena conhecer a orla e o marco zero no Equador, ou seja, o lugar exato onde fica o meio do mundo. Voltei para Belém de navio. É uma viagem de 25 horas que cruza várias ilhas de Marajó. Um passeio lindo pela grande natureza e que passa pelas comunidades ribeirinhas que vivem da floresta. É costume que durante a viagem famílias joguem sacolas plásticas com roupas e sapatos para os ribeirinhos. Falei com uma família do Amapá que estava viajando para Salinas (Pará), passando férias, eles compraram R$ 500 de roupas e sapatos no mercado dividiram em sacolas e no meio de caminho eles já jogaram para os ribeirinhos, que vieram buscar em canoas. Isso se chama compaixão, isso se chama Brasil.