Em um dos diálogos que marcaram a manhã desta terça-feira (23), do segundo dia do Fórum Urbano Mundial 5, especialistas debateram a possibilidade do desenvolvimento sustentável na pobreza a partir do tema “Unindo o hiato urbano – cidades inclusivas”, mediado pelo jornalista da BBC, Steve Bradshaw.
Para Ermínia Maricato, professora da Universidade de São Paulo e ex-secretária executiva do Ministério das Cidades (2003-2005), as metrópoles brasileiras se encontram em situação muito diferente da dos países centrais, misturando partes que já se encontram na pós-modernidade com partes que ainda se encontram na pré-modernidade.
A professora afirma que os padrões de consumo dos países desenvolvidos não são sustentáveis. “Estou cansada de ouvir consultores internacionais que trazem soluções apenas para o mercado”. Para ela, a solução está na sociedade civil. “Quem pode mudar são as pessoas”, disse, gerando aplausos da plateia.
A diretora do Departamento de Finanças Urbanas e Econômicas do Banco Mundial, Zoubida Allaqua, notou que a prioridade dos prefeitos são as favelas e o movimento da população para os centros urbanos, onde está a maioria das oportunidades de trabalho. Como faltam infraestrutura e transporte urbano eficientes, esses trabalhadores acabam escolhendo morar perto do emprego, em moradias irregulares.
Allaqua acredita que informação é poder e, retrucando a afirmação de Erminia, afirmou que os países não devem resistir ouvir as consultorias internacionais. Ela vê o acesso à informação (principalmente por meio da internet) como peça fundamental na melhoria da educação.
Outro problema importante é como a informalidade gera ilegalidade. Para ela, quanto mais pessoas os governos conseguirem incluir no trabalho formal, menor serão as ações ilegais. Samsook Boonyabancha, da Coalisão Asiática para Direitos Habitacionais de Bangkok (Tailândia), acredita que apenas os direitos humanos às cidades não são suficientes. “Para mudar é preciso engajar toda a população das cidades e trabalhar na inclusão de todos”, disse Samsook.
Antonio Garcia Fragio, representante da Comissão Européia, destaca que a divisão urbana é sim um problema e a grande questão é como atacá-lo. Uma solução seria aumentar o poder de ação dos municípios. “Os governos têm muito poder. Eles deveriam passar um percentual desse poder para os municípios”, sugeriu Antonio.
Judith Rodin, presidente da Fundação Rockfeller, acredita que o mercado tem interesse em manter uma mão de obra barata, mas que não existe correlação direta dentre poder e pobreza. Como exemplo disso ela cita as manifestações recentes em Bangkok.
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Assessoria de Imprensa