Com o início do Ano do Tigre na China, a organização ambiental WWF lançou em Katmandu uma campanha global para dobrar o número de tigres em liberdade para o próximo Ano do Tigre, em 2022. O número de tigres selvagens no planeta chega atualmente a 3,2 mil, frente aos 7,7 mil do início da década de 1990, segundo a WWF, que apresentou sua campanha para salvar o felino.

O diretor da WWF no Nepal, Anil Chitrakar, assegurou no ato de lançamento da campanha que “o Nepal é um lugar de passagem do tráfico ilegal de partes do tigre” que vêm da Índia e são comprados na China. Entre 60 e 65 tigres são caçados furtivamente todo ano na Índia, país com a maior população de tigres selvagens, cerca de 1,5 mil, segundo dados de Diwarkar Chapagain, analista da WWF.

Esses felinos podem ser encontrados em liberdade basicamente em 13 países: Índia, Nepal, China, Rússia, Camboja, Laos, Bangladesh, Vietnã, Malásia, Butão, Tailândia, Mianmar e Indonésia. O grupo ecologista constatou que um país sozinho não pode lutar contra a caça furtiva de tigres e pediu ao governo nepalês que fechamento acordos com a Índia e a China para frear o tráfico ilegal.

Na China existe a crença de que partes do tigre como os ossos têm propriedades medicinais e servem para curar o reumatismo, a dor de cabeça ou inclusive podem atuar como afrodisíacos.

“Comprovou-se cientificamente que isto não é verdade”, sustentou Chitrakar. Embora um tigre morto possa ser vendido por até US$ 35 mil, os caçadores furtivos às vezes recebem apenas US$ 200, segundo a WWF.

“O motivo principal pelo qual os caçadores furtivos matam tigres é a pobreza”, lembrou durante o ato o advogado Prasanna Yonzon. Além da caça furtiva, a perda do habitat é outro dos grandes fatores que contribuíram para a queda na população de tigres selvagens.

Segundo a WWF, desde 1998, o último Ano do Tigre, os animais foram privados de 40% de seu habitat natural. “Os tigres vêm ao nosso povo e matam cabras”, lamentou Buddha Tamang, um aldeão de 14 anos que vive no sul do Nepal.

“Quando os tigres não conseguem comida, atacam as pessoas”, continuou o adolescente, no evento que serviu para que defensores dos animais trocassem impressões. Outros três jovens do sul de Nepal compartilharam suas experiências. Eles se viram cara a cara com um tigre, sinal de que o conflito animal-homem aumenta quando os felinos perdem seu território.

No Nepal, há 121 filhotes de tigre, segundo o censo oficial elaborado em 2009. Os esforços globais para salvar o tigre se intensificaram nos últimos meses, especialmente pelo interesse pessoal do primeiro-ministro russo, Vladimir Putin.

Em setembro ocorrerá na Rússia uma cúpula internacional para recuperar a cada vez mais exígua população de tigres selvagens na Ásia. Os conservacionistas avaliam a China como um dos países-chave para que o esforço global tenha resultados.

A China proibiu o comércio com partes do tigre em 1993, mas ele continua. No gigante asiático, há cerca de 6 mil felinos em cativeiro, algo que, somado às brechas legais, pode contribuir para o comércio ilegal de suas partes, segundo os analistas. “Isto põe ainda mais em perigo os tigres selvagens, porque uma provisão sustentada de partes de tigres cativos pode alimentar a demanda de partes dos tigres selvagens”, denunciou a WWF.

EFE