Cinco chefes de Estado (quatro presidentes e um primeiro-ministro) desfilam entre hoje e amanhã em Brasília. Um fato e tanto, mas, se você acessou o Google até ontem cedo para ver o que a imprensa nativa e internacional vinha publicando a respeito, não encontrou praticamente nada. Curioso, não? Não havia o que dizer.
São dois grupos: o Ibas (Índia, Brasil e África do Sul), hoje, e o Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), amanhã. São países enormes, populosos, que contribuem extraordinariamente para o desenvolvimento do planeta. De 2003 a 2007, o crescimento dos Bric representou 65% do mundial; e, de 2003 a 2008, o comércio do Brasil com os outros três aumentou 382%.
O problema das reuniões, portanto, não está no fato, muito menos na foto, mas, sim, no conteúdo, porque o Ibas até que é mais homogêneo e inclui três forças de três diferentes continentes, mas o Bric é uma união de iguais em alguns aspectos e desiguais em muitos outros.
Para ficar em duas: Brasil e Índia são democracias, Rússia é considerada mais ou menos, China não é nem um pouco; e, numa comparação direta, Brasil é uma economia sofisticada e diversificada, enquanto a Rússia está sentada em petróleo e gás.
Ou seja: “a união faz a força”, e essas alianças são convenientes aos países porque uns servem de alavancas para os outros nas discussões internacionais -tanto que um dos encontros será dos chanceleres do Ibas com o da Autoridade Palestina-, mas não significa que eles possam ter programas, rumos, decisões e posições comuns em muitas questões. Quer ver? Irã.
O conteúdo virá dos encontros bilaterais com o chinês Hu Jintao, por exemplo. No mais, os grupos são para inglês ver, ou melhor, para EUA e Europa verem. Produzem fotos e servem como lembrança de que as decisões do mundo têm de passar pelos emergentes. Eles mudam o presente e são o futuro.
ELIANE CANTANHÊDE