Muitos turistas que iam à Costa do Golfo do México trocaram a ideia de um por do sol na praia por consultas ansiosas à internet, enquanto, por lá, funcionários de hotéis se ocupam respondendo, pelo telefone, questões relacionadas ao derramamento de petróleo, ao clima e se há possibilidade de reembolso do dinheiro. A resposta normalmente é não.

Os telefones também tocam constantemente a centenas de milhas dali, em praias da Costa Atlântica, como a ilha de Hilton Head e Carolina do Sul, onde eles delicadamente tentam fisgar os turistas sem parecer que estão lucrando com o desastre.

O problema foi causado por milhares de galões de petróleo derramados no fundo do mar desde que uma plataforma explodiu no Golfo em 20 de abril, matando 11 pessoas. Bolas de alcatrão invadiram a areia branca das praias da ilha de Dauphin, no Alabama, no fim de semana, e outra quantidade se dirigiu a oeste.

As empresas de turismo de Louisiana a Flórida –e seus clientes– estão ansiosos para ver aonde mais a mancha pode chegar. Turistas que já fizeram reservas estão rastreando o vazamento pela internet e muitos ouviram que terão de encarar uma multa se desistirem da viagem.

Karen Muehlfelt tentou cancelar sua ida a Destin, na Flórida, mas não pode engolir a multa de US$ 1.000. Seu hotel de frente para o mar garantiu haver uma série de atividades na costa, como bons campos de golfe e restaurantes.

“Qual é a melhor escolha?”, questiona Muehlfelt, uma recepcionista de 55 anos de Chicago. “É dinheiro suado. Esperar por essa viagem é o que nos motivou na primeira parte deste ano.”

As empresas do Golfo têm o delicado desafio de deixar os consumidores felizes sem abrir mão de políticas que penalizem os cancelamentos.

“Eu acho que a realidade chocou algumas pessoas. Elas não estão se controlando tão facilmente quanto esperávamos”, disse Mallorie Thomas, um agente de viagens ocupado atendendo ligações no Total Travel em Birmingham, no Alabama.

O seguro de viagem tradicional não ajudará, porque o derramamento é considerado um ato humano, não um ato de Deus. A maior parte dos seguros de viagem só cobre se os turistas não puderem chegar a um destino ou se as acomodações estiverem indisponíveis, afirmou Dan McGinnity, um porta-voz da companhia de seguros Travel Guard North America. Esse não será o caso mesmo que o petróleo comece a correr para a costa.

Novas reservas caem drasticamente à medida que as pessoas esperam para ver até onde o petróleo vai. Normalmente, os hotéis podem desistir de cobrar a taxa de cancelamento se conseguirem alugar o quarto para outra pessoa. No entanto, a incerteza da situação indica que os quartos devem continuar vazios, mesmo com as férias despontando no horizonte.

Um aumento de cancelamentos na Panama City Beach, na Flórida, levou seis resorts e grupos de hotéis a oferecer um crédito de US$ 200 em outra visita se o governo fechar a praia ou limpar o óleo da areia e da água enquanto os turistas estiveram lá.

Por outro lado, em todos os lugares da Costa Atlântica do Sudeste, empresas de turismo estão tentando laçar diplomaticamente os turistas que não querem estragar sua viagem devido ao imenso derramamento de óleo.

De Miami a ilha Tybee, na Geórgia, e acima de Myrtle Beach, na Carolina do Sul, os telefones dos hotéis e câmaras de comércio tocam insistentemente e o tráfico dos sites está alto.

No ilha de Hilton Head, na Carolina do Sul, os oficiais ressaltam aos interessados que o destino está fechado de Atlanta a praias da Costa do Golfo, disse Charlie Clark, porta-voz da Câmera do Comércio da ilha.

Mas a pressão deve ser exercida cuidadosamente.

“Nós sentimos por nossos parceiros do turismo na Costa do Golfo”, Clark disse. “Nenhum destino quer ver isso acontecer.”

Até agora, as reservas não pararam porque muitos interessados estão verificando suas opções, afirma Lindsay Fruchtl, porta-voz do Conselho de Turismo da ilha Tybee.

As praias são um grande negócio para os Estados ao sudeste. O Alabama tem só dois condados costeiros, mas os turistas gastam mais de US$ 3 bilhões por ano –mais de um terço de todo o dinheiro arrecadado em turismo no Estado. Os visitantes deixam mais de US$ 60 bilhões por ano na Flórida. E na Carolina do Sul, o turismo é o maior negócio do Estado, onde os turistas gastam US$ 10 bilhões por ano, a maior parte disso na costa.

FSP