O Brasil é o segundo país com maior área de floresta no mundo e tem a maior área de floresta tropical contínua. Isso significa uma enorme responsabilidade na manutenção do clima global, afinal estoca uma grande quantidade de carbono em suas florestas, e um potencial considerável para exploração econômica de produtos das florestas, sejam elas plantadas ou nativas, tais como energia, papel e madeira.
Um estudo lançado pelo Serviço Florestal Brasileiro e o Instituto de Pesquisa Ambiental (Ipam) indica que o investimento em produção madeireira sustentável em florestas públicas pode ser a solução tanto para o crescimento econômico como para a conservação das nossas florestas.
O estudo Florestas Nativas de Produção Brasileiras indica que a média da demanda por madeira proveniente de florestas nativas existente hoje exigiria uma área de 36 milhões de hectares em um ciclo de 30 anos. O estudo ainda ressalta que a produção em áreas particulares – cada vez menor resultante de ações de fiscalização e controle – e em unidades de conservação de uso sustentável – não é suficiente para suprir essa demanda.
Para os autores da pesquisa, a saída é aproveitar as florestas em áreas públicas tanto federais como estaduais que não tem destinação, ou seja, não tem um uso especifico definido, e transformá-las em florestas nacionais e estaduais, categorias de unidades de conservação onde é possível utilizar os recursos de maneira sustentável e com grande produtividade.
De acordo com o estudo, a Amazônia brasileira conta com cerca de 64 milhões de hectares de terras públicas não destinadas. Em uma análise de quanto dessa área poderia ser destinada à criação de florestas públicas – excluindo áreas muito povoadas, menores de 15 hectares, proximidade de estradas e de áreas desmatadas – chegou-se à conclusão que aproximadamente 40 milhões de hectares poderiam ser transformados em florestas públicas federais e estaduais com capacidade de produção madeireira a partir de manejo.
“Propiciar o acesso a fontes legais e sustentáveis de madeira é fundamental para o desenvolvimento de uma economia florestal forte, com escala de mercado, benefícios sociais e esforços de conservação”, afirmou Paulo Moutinho, diretor executivo do Ipam.
Para o coordenador do programa Amazônia do WWF-Brasil, Mauro Armelin, que participou da mesa de discussão do lançamento do estudo, esse trabalho é muito importante para trazer à tona a discussão do nosso potencial de produção madeireira em florestas públicas. “O Brasil tem uma enorme capacidade que não está sendo aproveitada. Além de destinar áreas para florestas públicas, é preciso permitir que as florestas que já existem cumpram seu papel. E para isso o país tem que ser mais efetivo em muitos aspectos, como por exemplo, nos processos de concessões para exploração da madeira nessas áreas”, afirmou Armelin.
fonte: WWF