Michael Timm(*)

No final do ano passado, na volta de uma viagem de trabalho à Europa, em meio a uma pequena caminhada, mesmo à distância, me chamou a atenção a capa de uma revista dominical francesa exposta em uma banca de jornal. Uma das fotos principais, razão maior de minha curiosidade, era da Bandeira do Brasil. Pouco abaixo, como uma linha de apoio à legenda, um título com destaque: “Brasil, o novo Eldorado”.

É óbvio que o quadro financeiro, principalmente o europeu, não era tão grave, mas, sem dúvida, retratava a visão de um país forte e tradicional sobre o Brasil. Nesse contexto, particularmente, é óbvio, estão Santos e a Bacia de Santos, que envolve os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio de Janeiro. Para nós, santistas, a partir desse quadro petrolífero, as perspectivas são extremamente positivas.

Depois de anos de clara estagnação e de falta de um novo horizonte, apesar da força e da importância do nosso complexo portuário, rigorosamente nosso futuro mudou. Foram tantos os sinais que até mesmo a autoestima do santista se alterou. Só para exemplificar, lembremos da chegada e e do gradativo crescimento da Unidade de Negócios da Petrobrás em Santos. De um prédio pequeno, hoje ocupa pelo menos quatro e, ao longo dos próximos anos, se transformará em três torres com mais de 7 mil funcionários, na área do Valongo, contribuindo também para recuperação de uma área histórica e degradada.

Os “efeitos colaterais” da presença da Petrobrás e do potencial da Bacia de Santos aparecem em todos os setores. Na educação, por exemplo, superior ou técnica, nossas unidades de ensino se adaptam à nova realidade, alterando grades e criando cursos específicos e qualificação de mão de obra.

Na área empresarial o clima também é de ebulição. Nos últimos dois anos, na nossa Associação Comercial de Santos, não foram poucas as consultas, ou visitas, que recebemos de empresas interessadas em se instalar em Santos e região. Na última segunda, por exemplo, dirigentes de uma indústria italiana nos apresentaram um grande projeto para a margem esquerda, com atuação específica na área de petróleo e gás, agregando valores ao Porto e à sociedade com oportunidades de emprego e geração de riquezas. Também nos procurararam representantes de Houston, tradicional centro petrolífero, da Noruega, da China e até da Coreia do Sul, dentre outros.

Temos certeza de que, gradativamente, este será um quadro recorrente, mudando até o perfil da nossa região. Nesse contexto, temos que fazer a nossa parte, preparando toda a área metropolitana para tão grande mudança, principalmente em termos de infraestrutura. O desenvolvimento, porém, terá que ser sustentável, mantendo o equilíbrio entre o econômico, o social e o meio ambiente. A qualidade de vida tem que estar sempre na base do foco maior.

Por fim, será preciso também que o País acompanhe esse nosso momento, principalmente na área de comércio exterior, envolvido em um mundo de leis, burocracia e uma carga tributária insuportável. Urge, no mínimo, uma simplificação tributária, até a tão prometida reforma tributária e a consequente desoneração fiscal.

Se cada um fizer sua parte, com certeza, o novo eldorado será aqui.

(*)Michael Timm é presidente da Associação Comercial de Santos.