Cientistas da Universidade de Zurique anunciaram ontem o resultado de pesquisa de uma década mostrando que as neves eternas dos Alpes estão desaparecendo rapidamente. Em dez anos, 12% do gelo nas montanhas suíças derreteu. O fenômeno é registrado em várias regiões. Há dois anos, no Monte Kilimanjaro (Tanzânia), a neve desapareceu no verão pela primeira vez em 11 mil anos. Mas até agora não se sabia que o fenômeno era tão intenso, também na Europa.
O que se conhece popularmente como neves eternas são os glaciais, estruturas de gelo que não derretem – ou não derretiam – o suficiente no verão a ponto de desaparecer. Dois fatores pesariam nesse fenômeno: a elevação média da temperatura no verão e a queda de neve mais suave no inverno. A universidade alerta que nunca o ritmo de derretimento do gelo dos Alpes foi tão rápido. A última década foi a pior desde que começamos a registrar os dados, há 150 anos, disse Daniel Farinotti, pesquisador.
Segundo ele, há dez anos a Suíça contava com uma cobertura de gelo de 1.063 quilômetros quadrados. Desde 1999, os glaciais suíços perderam 9 quilômetros cúbicos de gelo. A maior queda ocorreu em 2003, quando a redução foi de 3,5% em 12 meses. Até 2050, os pesquisadores estimam que os invernos nos Alpes serão 1,8°C mais quentes; os verões terão 2,7°C a mais. O derretimento das neves eternas pode causa, na Suíça, mais avalanches e deslizamentos de terra, além de prejudicar o abastecimento de energia, pois as hidrelétricas são abastecidas pelo derretimento sazonal dos glaciais. O turismo também sofreria perdas.
Estado de São Paulo