No início deste ano de 2009, quando começaram os primeiros comentários sobre a perspectiva real e o marco regulatório do pré-sal, a Rede Ecoturismo de Comunicação Social, vislumbrando como sempre e pioneiramente, convocou a sociedade civil organizada do litoral norte paulista, onde está o pré-sal e, prima facie, colocou em discussão a variável sustentável desta nova riqueza mineral do Brasil.
Foram centenas de experts de várias partes do Brasil que discutiam o tema no Centro Universitário Módulo, em Caraguatatuba. Prefeitos, vereadores, ONGs e técnicos de renomada competência analisaram as várias vertentes do pré-sal, que se extrairá a partir da Costa de Caraguatatuba, 300 quilômetros, e o que esta província dará e cobrará do solo materno do país em termos da contrapartida ambiental e sustentável, tendo em vista os elevados índices de CO2 e as possibilidades de aumento do aquecimento global.
Deste seminário extraiu-se a Carta do Litoral Norte, documento que embasa o livro e DVD. Há Sustentabilidade do Pré Sal na Era 21? que será lançado no Brasil, na África, na Espanha, na Inglaterra, na França e em Copenhagen, na Convenção do Clima, que acontece no dia 7 de dezembro.
O governo brasileiro anuncia que o pré-sal é o passaporte para o futuro, fará ampla distribuição social, tirando mais gente da pobreza e colocando na pobreza e, com seus 14 bilhões de barris, mudará a matriz energética brasileira, tradicionalmente limpa, com hidrelétricas, biomassa, eólica, com seus regimes de concessão ou partilha.
O governo e a classe política discutem os altos dividendos que advirão do petróleo, a partilha que cada município ou estado brasileiro produtor ou não terá neste pré-sal, através da Petrobras, Petrosal ou do Fundo Social que se criará com o novo marco regulatório remetido para o Congresso em regime de urgência, disputando palmo a palmo oposição e governo os louros deste novo PAC do Petróleo e Gás.
A classe dirigente afirma que apesar dos biocombustíveis que o Brasil possui em sua matriz, nada impede de também ser o país exportador de petróleo, e fazer parte da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e, diferente do Reino da Noruega que tem uma população rica de 5 milhões de pessoas, menos que a metade da capital paulista, o nosso país tem 200 milhões com muitos vivendo na linha da pobreza que se quer retirar e colocar na classe média, mais de 20 milhões de conterrâneos nesta expectativa do pré-sal.
Entendem os experts que a discussão do pré-sal é estratégica e urgente, que a grande variável da riqueza é o óleo, sob regime de concessão e que a União Brasileira não pode permitir que outros povos e empresas estrangeiras se apropriem da enorme riqueza que está na camada do subsolo do abençoado Brasil que descobriu o equivalente em petróleo a tudo que se produziu nos últimos 100 anos. É perspectiva de riqueza para ninguém botar defeito.
Claro que nós do grupo ambientalista brasileiro não podemos fazer coro contrário, achando que esta riqueza não pode ser explorada de maneira alguma, mas, a nossa preocupação primeira e agora do Ministro Minc, em sugerir a Bolsa Carbono é na medida em que forem extraídos esses enormes blocos de gás e petróleo, não somente se privilegia a indústria e a engenharia crescente da cadeia petrolífera, mas, a indústria da Sustentabilidade, do Desenvolvimento Sustentável, da Preservação Ambiental de olho nos índices e metas de redução de gases de efeito estufa, de olho na Convenção do Clima que definirá para as próximas décadas o rumo que o Planeta deve ter, ou sobrevive, ou o aquecimento global e o derretimento das calotas polares destruirá a humanidade, esta e outras gerações que não poderão ter direito de habitar o Planeta.
Pelo pioneirismo de nossas ações é que estamos construindo em parceria com vários stakeholders, entre eles a direção da Campanha Tic Tac Tic Tac no Brasil e no exterior, o VII Seminário Internacional de Sustentabilidade e VIII Prêmio de Ecoturismo e Justiça Climática na emblemática Porto Velho, a Capital das Usinas do Rio Madeira e a Expedição Eco Brasil de Justiça Climática, alertando todo o Brasil e o Planeta das urgentes posições e compromissos com as Mudanças do Clima, pois quem sabe faz a hora, não espera acontecer, como dizia com propriedade o poeta popular Geraldo Vandré, que poderia muito bem embalar as campanhas do Clima nesta contagem regressiva dos 100 dias até Copenhagen na Dinamarca.
Ana Joppert
Grupo Editorial Ecoturismo