As fortes chuvas que vêm castigando o Sul e o Sudeste do País são exemplos de que o planeta está reagindo ao aquecimento global, reforçando as mensagens da 15ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-15) sobre a extrema necessidade de união de todos para reverter esta situação.
Deixando claras as responsabilidades, questiono qual é papel dos sistemas de informação geográfica (GIS – Geographic Information System) desempenham neste contexto. Com o crescimento da Tecnologia da Informação, foi possível constatar que a geotecnologia ganhou destaque no dia a dia das empresas, em sua gestão. Portanto, sendo um suporte às decisões estratégicas envolvendo variáveis geográficas, o GIS deve contribuir para a manutenção do meio-ambiente e na gestão sustentável no uso dos recursos naturais.
É esperado, portanto, que os órgãos reguladores apliquem a tecnologia no seu cotidiano, como no monitoramento florestal para evitar o desmatamento ilegal ou invasões em áreas de preservação permanentes e em outras áreas de proteção ambiental. Dentro do Ministério e Secretarias de Meio-Ambiente, a geotecnologia desempenha a função de exercer pressão política nas empresas por operações sustentáveis.
Por outro lado, as organizações privadas não devem limitar-se a atender às exigências legais e para sair na frente a inovação tecnológica é fundamental. Um ótimo exemplo é o modelo Smart Grid, que dentre outros benefícios contempla a implantação de um circuito auto-recuperável com disponibilização on-demand. Além de maximizar o uso da energia existente, as redes inteligentes permitem que pequenos e médios geradores sejam fornecedores da rede.
Associando as fontes de geração renováveis como eólica, solar e biocombustível, o modelo Smart Grid pode fazer considerável diferença no embate entre sustentabilidade e crescimento econômico, permitindo reduzir o impacto ambiental oriundo da geração tradicional ao mesmo tempo que oferece uma solução energética para manter o desenvolvimento econômica mundial.
O geopreocessamento também pode colaborar na adoção de práticas sustentáveis em empresas de saneamento urbano. Estima-se que a perda média durante o transporte d’água é de 40% a 50%. Considerando que apenas 0,6% da água do mundo é potável, o índice é preocupante. O mesmo percentual se aplica à coleta de esgoto, podendo alavancar a situação para níveis calamitosos com o risco de contaminação ambiental.
A modernização da rede de saneamento é a primeira precaução a ser adotada, priorizando principalmente as localidades próximas a lençóis freáticos, rede pluvial e áreas de preservação. Além de fazer a análises de onde estão estes pontos críticos, a geotecnologia consegue identificar possíveis vazamentos na distribuição logo no início e permite ainda uma gestão de bombeamento flexível, diminuindo o consumo de energia nos períodos que o volume d’água está baixo.
Com base nos exemplos a cima, entendemos que a geotecnologia não mostra apenas a visão geográfica do negócio, como a melhor localização para um centro de distribuição ou o trajeto mais curto para uma nova estrada. Podemos afirmar que ela também oferece a visão ambiental, comprovando que é possível ter desenvolvimento sem destruir a natureza. Agora, cabe a nós decidirmos por práticas mais sustentáveis.
Marcos Covre, diretor comercial da IMAGEM