Saímos do Rio de Janeiro com um chevettinho branco, infinitamente felizes, passando pelas estradas do Estado do Rio de Janeiro, Espírito Santo até chegar à Bahia. A partir dali, o carro foi situação sine qua non para nossas futuras viagens! Com o orçamento justo, daqueles de quem está começando a vida, atravessamos os 3 estados à procura de aventura e a encontramos!

Uma viagem, antes de se tornar a viagem, começa em algum lugar, seja num livro, num guia, num jornal, numa dica de um amigo, enfim, existem inúmeras maneiras de se começar, a nossa foi através de um magnífico livro de fotografias, onde o mar repleto de vida marinha e o desafio de se chegar lá funcionaram como imã nos atraindo a cada página virada. Foi, então que decidimos conhecer este maravilhoso ecossistema, o primeiro Parque Nacional Marinho do Brasil, Abrolhos.

A primeira vez em que estivemos neste paraíso, o turismo era bastante precário, foram 6 horas numa traineira de pescadores da antiga Abrolhos Turismo, 36 milhas náuticas (72 km) desde Caravelas! Foram os 3 dias mais exóticos e maravilhosos de nossas vidas. Águas em tons de marrom do rio Caravelas indicam o início da navegação, a cada onda que atravessávamos as cores iam mudando até chegar num azul transparente inacreditável aos olhos.

Naquela época, ainda se podia alimentar os peixes com miolos de pão, apesar disto não ter sido preciso, pois o Cláudio deu-lhes comida fresquinha tamanho era o seu enjôo, a quantidade de peixes frades, bodiões azuis e muitos outros que apareceram nos encheu de emoção, parecíamos crianças vendo tudo aquilo pela primeira vez! Muitas pessoas nos perguntam o que fazer 3 dias dormindo num barco, num local onde há 5 ilhas em que somente uma se pode visitar? Vocês têm que descobrir isto indo lá, e garantimos, não se arrependerão! É um verdadeiro paraíso aos mergulhadores, desde os menos experientes, basta colocar uma máscara e um snorkel e descobrir que a vida marinha é infinita em Abrolhos, assim como, a quantidade de estrelas que se vê num dia de lua Nova, incontáveis! É o que jamais se esquece, guardamos cada centelha divina daquela infinita beleza!

Mais uma vez Américo Vespúcio foi o felizardo, no mesmo ano (1503) em que descobriu Arraial do Cabo/RJ, também descobriu estas lindas formações rochosas. São cinco ilhas que formam o ilustre arquipélago: Ilha de Santa Bárbara (sob jurisdição da Marinha Brasileira e onde está o farol), Ilha de Siriba, Ilha Redonda, Ilha Sueste, Ilha Guarita. Após termos aproveitado intensamente os momentos neste lugar de águas rasas e claras, de volta ao barco e com olhos cheios de lágrimas prometemos um dia voltar. Então, quase 20 anos depois estávamos de volta, agora mais maduros e com um orçamento não tão justo assim, fomos ver se aquele paraíso ainda estava preservado como há anos atrás…

Ficamos surpresos, encontramos a pequena cidade histórica de Caravelas bem mais desenvolvida e voltada para o turismo de Abrolhos. Visitar o Parque deixara de ser um desafio, não mais uma única traineira à disposição. Pode-se fazer passeios de um dia apenas com uma lancha rápida (2 horas) ou aquele antigo de 3 dias (o qual indicamos), porém com muito mais rapidez e conforto e coloca conforto nisso. O encontro marcado foi com as dóceis baleias Jubarte. Queríamos vê-las e não sabíamos que seria tão fácil e que chegaríamos tão perto dos enormes mamíferos. Abrolhos é o berço delas, este também é um dos motivos para se conhecer tamanha biodiversidade. Quem não gostaria de ter seus filhotes num paraíso de águas mornas e limpas? E o principal, sem predadores. As incríveis baleias escolheram o banco de Abrolhos para o seu refúgio de reprodução e amamentação. Entre os meses de julho e novembro este lugar de beleza ímpar torna-se mais especial ainda, sendo a mais importante área de reprodução dessa espécie no Atlântico Sul Ocidental. Protegidas as baleias têm um Projeto voltado só para elas, além de realizar diversos estudos sobre o seu comportamento e outros aspectos, o Projeto Baleia Jubarte monitora e fiscaliza o turismo afim de não interferir no processo de reprodução e amamentação da espécie. São várias as regras de avistamento, mas não se preocupem, pois o monitor do barco as conhece e as respeita muito bem. É belíssimo e fascinante o trabalho de todos que estão envolvidos direta ou indiretamente. http://www.baleiajubarte.org.br

Antigamente os navegadores recebiam o aviso: “abra os olhos”, por isso o nome do Arquipélago. Os inúmeros e coloridos corais existentes na região dificultavam a navegação e foram os grandes causadores de acidentes e naufrágios (prato cheio para os mergulhadores). Mas, nós dizemos com toda segurança, para você leitor, “abra os olhos” e descubra a rara beleza que guarda este lugar e que desperta em cada um de nós emoções distintas, sejam elas de agora ou de anos atrás.

CURIOSIDADE

A origem de Abrolhos
Se comparado a formação do planeta Terra, há 4,54 bilhões de anos atrás, Abrolhos é um jovem arquipélago formado entre 42 e 52 milhões de anos, resultado de erupções vulcânicas submarinas, onde derramaram lava no fundo dos mares. Ali se desenvolveram corais, algas calcárias e outros organismos que hoje formam o fantástico arquipélago. O fundo é formado por areia de origem biológica, com pedaços de conchas, corais etc. Há 16 mil anos, durante o auge da última grande era glacial, o nível do mar se encontrava 130 metros abaixo do atual. Acredita-se que parte da plataforma de Abrolhos tenha permanecido submersa durante este período, o que permitiu a sobrevivência dos corais. A região seria, assim, um dos “reservatórios” de corais do mundo, de onde teriam se irradiado para outros locais, quando as águas subiram novamente. (fonte: http://www.abrolhos.net/abrolhos/mergulho.htm)

Como Chegar
Saindo de Jaraguá do Sul, de carro, são aproximadamente 2000 quilômetros. Passando pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo até a Bahia. Pelo Sul da Bahia para chegar até a cidade de Caravelas/Bahia, siga pela BR-101 até a cidade de Teixeira de Freitas, no trevo seguir pela BA-290. Seguindo então as orientações rodoviárias até Alcobaça. No trevo, siga a direita pela BA-001 até a cidade de Caravelas. Chegando a Caravelas contrate uma agência, o acesso pode ser feito de Catamarã (o mais rápido faz o percurso em 2 horas), lancha (2,5 horas), de traineira (4 horas) ou de escuna (6 horas). Dentre algumas agências estão: Horizonte Aberto, Apecatu Expedições e Abrolhos Turismo. Viajamos pela Horizonte Aberto, atendimento e profissionalismo nota 10, indicamos de olhos fechados.

Onde ficar

Em Abrolhos, você dorme no barco e faz todas as maravilhosas refeições ali mesmo – é uma experiência fantástica! Você se sente, literalmente parte imersa da Natureza! Em Caravelas há algumas opções de simples pousadas, na alta temporada ou temporada das baleias é interessante reservar tudo com antecedência.

O que levar
Indispensável remédio para enjôos para quem sofre deste mal, eu que o diga. No mais, roupas leves, de banho e um agasalho para os fins de tarde sob a brisa do mar, bonés, sandálias de tira (papete) para a belíssima caminhada na Ilha Siriba, máscara, snorkel, câmera fotográfica normal e subaquática e muito protetor solar. Ah, e não esqueça de que você está num lugar de preservação ambiental, então Respeite a Natureza, ela agradecerá e nós também!!!

O que ver
As águas de Abrolhos são um eterno convite a todo instante. Então se prepare para ver muita vida marinha e se refrescar nas águas mornas e transparentes do paraíso. Não deixem de mergulhar na principal formação de corais do Atlântico Sul, os chapeirões. São fantásticas colunas de coral de até 20 metros de altura que se erguem abruptamente do fundo e se abrem em arcos perto da superfície, podendo chegar a 50 metros de diâmetro, como imensos cogumelos submarinos.
Na trilha da Ilha Siriba você se encantará com a beleza dos atobás nidificando nas formações rochosas dentre outras lindas aves marinhas. É um passeio imperdível.

Quando ir
No Verão (de dezembro a fevereiro), as águas são mais calmas e claras, então verá um fundo de mar nunca visto antes, garantimos! A variedade de fauna marinha impressiona aos mais repletos logbooks (livro onde é registrado os mergulhos praticados). A visibilidade chega aos 30 m de profundidade, ou seja, é uma excelente área para mergulho autônomo e livre.

Em Julho, o show fica para as ilustres visitantes baleias Jubarte. O que não impede que se faça mergulho autônomo ou livre nas áreas permitidas do Parque. Ambas as épocas têm o seu charme, escolha uma delas ou faça como nós, vá nas duas e tire você a sua própria impressão.

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