Lídia Raposo e seu marido, Terêncio Malaquias, são descendentes da tribo indígena macuxi, da Aldeia Raposo, em Roraima. A aldeia fica na cidade de Normandia, a 175 km da capital, Boa Vista (RR). E é na aldeia que o casal busca, sempre que precisa, a matéria prima de seu trabalho: a argila. Eles tratam, secam, peneiram, misturam, modelam e formatam, dando origem a utensílios e peças decorativas: panelas de barro, pratos, bules, cumbucas, cuscuzeiras e farinheiras.

Há mais de seis anos, esse é o principal sustento do casal, que tem cinco filhos. Lídia aprendeu a trabalhar com argila com a avó, na aldeia. “É uma tradição que passa de geração pra geração, de pai pra filho, de avó para neto”, disse ela.

E foi Lídia que ensinou o trabalho para o marido Terêncio. “Nós nos mudamos para a capital, onde ficamos mais perto dos clientes. Mas muitas pessoas na aldeia, principalmente as mulheres, fazem artesanato com argila na aldeia.” explica Terêncio.

O casal participará pela primeira vez do Salão do Turismo – Roteiros do Brasil, que acontecerá em São Paulo, entre os dias 26 e 30 de maio. Eles estarão no espaço Saber Fazer, que foi criado para promover a cultura local e a troca de experiências aos roteiros turísticos e seus destinos. O projeto é coordenado e produzido pelo Ministério do Turismo (MTur) por meio da Coordenação de Produção Associada ao Turismo, em parceria com o Programa do Artesanato Brasileiro do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

No evento, eles farão uma demonstração de como trabalham. “O processo é totalmente manual e demorado. As peças precisam ser queimadas no forno à lenha e dependem do clima para ficarem prontas. Se não estiver chovendo, elas demoram três dias para secarem. Mas se o tempo estiver chuvoso, podem demorar semanas”, explica Terêncio.

Espaços Saber Fazer e Vivências
“O Saber Fazer tem como objetivo promover a interatividade, o intercâmbio de experiências e o repasse de conhecimentos tradicionais dos modos de fazer artesanato no Brasil”, explica a coordenadora-geral da Produção Associada, Ana Cristina Façanha de Albuquerque. “A partir da demonstração das técnicas e dos processos produtivos mais expressivos da cultura local, os visitantes do Salão do Turismo vão poder conhecer de perto como é produzido o artesanato de tradição de mestres e artesãos com renome internacional”, disse ela.

No espaço Vivências pequenas oficinas serão oferecidas, onde o público poderá vivenciar a experiência de produzir uma peça com os artesãos.

Na última edição do Salão do Turismo, foram comercializados quase 5.000 produtos artesanais típicos, totalizando o valor de R$ 449.3 em vendas diretas, beneficiando as famílias de cerca de 600 artesãos, de 118 associações/cooperativas, localizadas em 150 municípios.

MTur