Marco Pólo, figura controversa, foi, porém um incontestável aventureiro viajante, que trouxe para o ocidente diversos conhecimentos: “Nunca antes ou desde então”, diz um historiador, “um homem forneceu tão imensa quantidade de novos conhecimentos geográficos ao Ocidente“. Ele abriu caminho para um grande avanço em diversas áreas, apesar das controvérsias, atribui-se a ele diversas inovações e achados, o mais factual foi o emprego do espaguete na culinária italiana. Apesar de ter fama de ser a massa tradicionalmente daquele país, atribui-se a Marco Pólo o fato de trazer da China a novidade. Entre outras estórias citam as lendas que, em suas andanças, o aventureiro conheceu a pólvora, a bússola magnética, a utilização do papel, inclusive como moeda e desbravou diversas rotas comerciais nunca antes percorridas pelos cidadãos do Mundo Civilizado da época.

Não é demais exaltar com méritos a iniciativa do governo do Estado de Rondônia que, em comitiva com diversos empresários, incluindo-se o próprio governador, que, lembrando seus tempos de caminhoneiro, percorreu a rota terrestre saindo de Porto Velho até o extremo oeste do continente em direção ao Peru, onde manteve uma agenda de encontros e rodadas de conectividade com os povos dos países andinos avizinhados ao Estado com a finalidade de estreitar laços de convivencia, averiguar a potencialidade do percurso, identificar e criar oportunidades de expansão comercial.

É oportuno analisar quais as melhores estratégias que podem tornar as relações internacionais com os países prodigiosas, com resultados positivos para ambos os Estados. Há que se considerar as variáveis sociais, ambientais e principalmente culturais para o sucesso da ligação que acontecerá em breve. Diga-se que as expectativas giram em torno da Interoceânica, uma rota terrestre que liga a região de Rondônia ao oceano Pacífico mais próximo que o Atlântico.

Segundo Ivo Cassol, o terreno é fértil para que Rondônia estabeleça raízes prósperas de relações internacionais na região, pois o Peru é um país que produz diversos produtos que aproximam em mais de mil quilômetros o percurso de mercados produtores de bens de consumo na região de Rondônia, produtos com qualidade e preços mais acessíveis e mercados potencialmente consumidores aos produtos de nosso Estado.

Cabe agora aos executivos, legisladores, planejadores, empreendedores e toda a cadeia produtiva voltar-se para o lado do sol poente onde vislumbramos um novo tempo, sorrindo com os raios do desenvolvimento para o surgimento de uma época onde o progresso poderá se transformar em desenvolvimento na medida em que possamos evoluir em nossas considerações sobre a mudança na matriz de nossa economia, que trabalha com foco em “commodities”.

Sei que a grande maioria que lê este artigo sabe o significado de que trata o termo commodities, porém, considerando alcançar um público ainda maior com pessoas que não tiveram a oportunidade do esclarecimento ao termo vou informar; Commodities são mercadorias ou bens econômicos geralmente ligados a agropecuária, extrativismo e mineração que tem seus preços estabelecidos nos mercados internacionais, ou seja, produtos oriundos de uma economia denominada primária, ou seja, sem valor agregado, tendo o preço praticamente igual nas bolsas de valores mundiais, podemos citar como exemplo os preços do barril de petróleo, a saca do café, a arroba do boi gordo e etc..

O que eleva o status e o faturamento de uma nação é exatamente a mudança desse enfoque de produtor de commodities, em tese, não se discute sobre preços de commodities: “as minhas bananas são melhores que as suas!”, o que diferencia os preços são especificamente questões de logística e a distancia de mercados produtores e consumidores.

O desenvolvimento nos leva a refletir sobre quais são os melhores caminhos a seguir no escopo de que nosso Estado se estabeleça como gerador de riqueza; isso só acontece com criatividade e investimento em pesquisa e tecnologia, agregando valor aos bens desenvolvidos e produzidos aqui, com conhecimento próprio. Isso pode ser alcançado com técnicas conhecidas por poucos que sabem os segredos do sucesso de uma Nação, a fórmula parece simples, vamos ao exemplo:

– Um quilograma de algodão custa R$1,00 (commoditie- economia primaria).
– O mesmo um quilo de algodão transformado em roupa, custa R$25,00 (matéria prima beneficiada em indústria- economia secundária).
– Indo mais adiante, se pegarmos esse mesmo 1 quilo de algodão transformado em roupa, e agregarmos alguns itens imateriais passa a custar “valer” R$170,00 (estilo, moda, etiqueta, glamour e etc…- economia terciária) isto é apenas um exemplo.

O homem mais rico do mundo vende um serviço que nos alcança por meio de uma linha telefônica, ou seja, bens imateriais, produto da imaginação. Quanto fatura um artista top para estrelar um filme hoolywoodiano? E quanto de bilheteria fatura esse filme no mundo? Quanto custa um quilo de ferro? E o quilo de um carro de luxo? Quanto é um quilo de matéria prima de onde se extrai o citrato de sildenafila? E um quilo de Viagra? Isso tudo é fruto da era do conhecimento, quanto mais tivermos domínio sobre esses conceitos e soubermos aplicá-los, mais prósperos nos tornaremos, essa é uma das principais diferenças dos povos desenvolvidos.

O Sociólogo Domenico De Masi considera, e eu concordo, que nos dias atuais é tardio para uma localidade que planeja se desenvolver, considerar a industrialização como um passo saudável, é possível dar um salto, pular o segundo degrau ( o da economia secundária), a humanidade já passou pelo processo de industrialização nos idos de 1.800.

Temos muito a caminhar sim, riqueza se faz com planejamento, criatividade, fé, dedicação e mente aberta às novas tendências. Temos tudo para dar certo aqui em Rondônia, é tempo de pensar em valores que nos remetam direto para uma economia terciaria.

Além dos investimentos do PAC aqui, temos os diversos campi de faculdades e universidades que despontam anunciando a possibilidade da verdadeira transformação do nosso povo com mente e espírito focado em um novo tempo de desenvolvimento.
O turismo surge como a principal atividade mundial geradora de riqueza e de distribuição de renda e oportunidades, (as pessoas visitam e gastam dinheiro em lugares interessantes). Estamos na Amazônia, quer mais?!

Antes de tudo, porém, há que se fazer uma consideração deveras importante; a reputação de um povo. Os negócios giram em torno disso, o bem imaterial e mais valioso, que determina o verdadeiro valor implícito em diversos produtos e serviços. Todas as relações, positivas ou não, giram em torno da reputação que pode e deve ser trabalhada para o sucesso nas relações entre os povos, assim como o é entre as pessoas.

A próxima era é a da intuição, quem sabe entramos nela aproveitando as oportunidades que surgem.

Dárius Augustus