Comércio

O Brasil é o quarta nação que mais exporta para a Angola. Perde para Portugal, China e os Estados Unidos, no ranking daqueles que vêm oportunidades de negócios no país em processo de reconstrução, depois de mais de três décadas de guerra civil. Reconstrução acelerada: desde  o acordo de paz em 2002, a Angola apresentou picos anuais de crescimento de 13% e 20%. Para este ano, a expectativa é 7,5%.
As feridas da longa guerra deixaram como marca uma grande demanda nos setores de casa e construção civil; alimentos, bebidas e agronegócio; e máquinas. Segundo os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), de janeiro a maior deste ano os produtos mais exportados são os alimentos: o açúcar, a carne de frango e os miúdos congelados, a carne suína, a farinha de milho e a carne bovina, respectivamente. Os produtos de construção só aparecem a partir do sexto lugar, enquanto as máquinas a partir do 13º. O valor total das exportações no período foi de quase US$ 359 milhões.
No sentido contrário. o petróleo é o principal produto oferecido pela Angola, terceiro maior produtor na África. O Brasil compra praticamente apenas essse produto: segundo o MDIC quase 99% das importações são da indústria petroquímica angolana, com um valor de aproximadamente US$ 127,5 milhões.

Petróleo

A parceria entre Brasil e Angola no setor do petróleo vai além do comércio. Desde 1979 a Petrobrás era sócia de blocos de petróleo na costa angolana. A partir de 2006, a estatal brasileira passou a ter direitos de exploração, realizando assim importantes descobertas:  em julho de 2010 comprovaram a existência do poço Cabaça Sudeste-1, a 100 quilômetros da costa e 470 metros de profundidade, com pelo menos 500 millhões de barris de petróleo de alta qualidade.
Em setembro e 2010, durante o Rio Oil&Gas, o presidente da Sonangol, Cândido Cardoso, ressaltou a importância do Brasil para a internacionalização da companhia. No ano anterior, a Sonangol admitiu oficialmente o controle da petrolífera brasileira Starfish, atuando assim em três blocos offshore: dois na Bacia de Campos e um na Bacia de Santos.
Na ocasião, também foi anunciada uma possível parceria na pesquisa do pré-sal angolano. O Ministério da Defesa de Angola afirmou querer o apoio do Brasil no mapeamento da plataforma continental de seu país. As similaridades geográficas entre as duas localizações levou o governo angolano a apostar nesses estudos.

Turismo

Em dezembro passado, a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado aprovou o Acordo de Cooperação Turística com Angola. O documneto foi assinado em abril de 2009 pelo então ministro do turismo do Brasil Luiz Barretto Filho e por Pedro Mutinde, ministro da hotelaria e turismo de Angola. O texto propõe a realização de projetos turísticios, como feiras e festivais, o intercâmbio de pesquisas e profissionais e a cooperação entre empresas, além da facilitação da entrada de turistas nos dois países.
Em maio deste ano, durante a 28ª Assembleia-geral da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), também em Luanda, aconteceu o Fórum Empresarial sobre Turismo. Na ocasião, o consultor do Ministério da Hotelaria e Turismo de Angola, Carlos Borges apresentou um plano diretor para desenvolver o setor. A previsão do ministério é que o país receba 4,7 milhões de visitantes até 2020, representando um movimento de US$ 5,5 milhões.
Gomes apresentou ainda dados do Ministério que mostram que os países que mais investem são o que mais promovem o turismo em Angola: Portugal, com 24%, China com 14% e o Brasil com 13%. Em 2009 o país recebeu 300 mil turistas e em 2010 foram 400 mil. O plano diretor também pretende estimular o turismo interno, com a melhoria e a redução dos preços dos serviços de turismo.

Meio ambiente

Técnicos de Angola, Moçambique e Paraguai concluiram no dia 17 de junho um curso de monitoramento de florestas com imagens de satélite, promovido pelo governo do Brasil através do Ibama, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA).  O curso possibilitou tanto a capacitação de técnicos quanto possibilitou a transferência da tecnologia de monitoramento de biomas utilizada no Brasil para os países. As instituições brasileiras contribuíram tanto com os 20 anos de experiências na área quanto com os softwares e sistemas desenvolvidos e adaptados.
Outra iniciativa importante aconteceu antes disso, em 2006, quando a então ministra do meio ambiente do Brasil, Marina Silva, assinou um acordo bilateral para a implementação do Programa Nacional de Educação Ambiental Angolano, para formar gestores e multiplicadores, e assim fortalecer e promover a educação ambiental no país.

Energias Renováveis

A principal colaboração do Brasil no setor de energias renováveis corresponde aos biocombustíveis, principalmente o etanol da cana-de-açúcar. A experiência de mais de 30 anos e as tecnologias brasileiras vão ajudar, através de acordos bilaterais entre os dois países, a diminuição da dependência angolana em combustíveis fósseis.
No início de 2009,  uma joint venture entre a Odebrecht, o grupo privado angolano Damer e a Sonagol resultou na criação da Companhia de Bioenergia de Angola (Biocom). O principal projeto da Biocom é a construção de uma usina sucroenergética em Cacuso, até o início de 2012. Orçado em US$ 258 milhões, o projeto conta com uma área de 30 mil ectares de terra e prevê a produção de 30 milhões de litros de etanol, 250 mil toneladas de açúcar e 160 mil megawatts-hora de eletricidade por ano.

Texto: Tomás Petersen