A Comissão Europeia (CE) anunciou nesta terça em Estrasburgo (França) sua nova estratégia para fazer frente à mudança climática, três meses após o fracasso da cúpula de Copenhague, mas admitiu que são poucas as chances de um acordo global no fim do ano, na cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU) no México.
“A União Europeia (UE) não é o problema”, afirmou em entrevista coletiva a comissária europeia de Ação pelo Clima, Connie Hedegaard, acrescentando que o bloco europeu está pronto para fechar um acordo em Cancún, mas que outros países não se mostram dispostos, o que poderia atrasar o acordo até 2011.
“A mudança climática só poderá ser controlada se todos os grandes emissores tomarem medidas”, explicou. Segundo a comissária, o mundo deixou passar uma “oportunidade única” ao não conseguir chegar a um acordo internacional para substituir o Protocolo de Kioto em 2013.
Agora só resta fazer todo o possível para conseguir “resultados específicos e substanciais” no fim do ano em Cancún (México) e garantir um acordo legal no máximo na reunião da África do Sul (no ano que vem).
Em relação a isso, a UE propôs hoje aplicar com rapidez os elementos que foram estipulados na capital dinamarquesa, como a destinação de US$ 30 bilhões entre 2010 e 2012 aos países em desenvolvimento para ajudá-los a combater o aquecimento global. Desta quantia, o bloco europeu responderá por 7,2 bilhões de euros. “Esta quantia deve ser concedida de forma incondicional”, afirmou Hedegaard, assegurando que a UE poderá conceder sua parte do financiamento ainda no primeiro semestre.
Bruxelas se comprometeu a trabalhar com os Estados-membros e o Parlamento Europeu para que a UE desempenhe um papel ativo nas negociações e continue pressionando para a obtenção de um “acordo global forte e do qual participem todos os países”.
Hedegaard disse estar consciente de que basear o futuro acordo internacional no Protocolo de Kioto é uma ideia rejeitada por países como EUA e China, mas afirmou que a UE não é contrária à ideia.
Por sua vez, o presidente da CE, José Manuel Durão Barroso, explicou que deve comunicar a nova estratégia aos líderes europeus que se reunirão em Bruxelas nos próximos dias 25 e 26 e pedir-lhes para que a apóiem, já que contém os passos necessários para voltar a impulsionar as negociações internacionais e conseguir que outros agentes participem do processo.
Ele deverá apresentar também no Conselho Europeu uma análise sobre as políticas necessárias caso a UE amplie seu compromisso de redução de emissões poluentes para 2020 de 20 para 30% em relação aos níveis de 1990, passo que só dará se outros países desenvolvidos adotarem medidas equivalentes.
Agência EFE