Comissão de meio ambiente recebe novos pedidos para audiência pública sobre a questão

Durante a audiência pública sobre florestas, realizada nesta sexta feira, mais duas entidades solicitaram à Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle e realização de uma audiência pública sobre o desmatamento zero na Amazônia. Na véspera, foi protocolado pela Associação Preserve Amazônia, representando entre outros o Movimento Amazônia para Sempre, liderado pelos atores Christiane Torloni e Vitor Fasano, requerimento dirigido ao Senador Rodrigo Rollemberg (PSB DF), presidente da comissão. O movimento foi responsável pela entrega aos senadores, em 2009, de mais de um milhão de assinaturas pedindo maior proteção e o fim do desmatamento da floresta amazônica.

Ciente da importância que a floresta amazônica tem para a sustentabilidade e para a própria sobrevivência das atividades agropecuárias, Geraldo Borges, presidente do Sindicato dos Criadores de Bovinos, Bubalinos e Eqüídeos do Distrito Federal, representando a vanguarda do pensamento do setor agropecuário, assinou um dos requerimentos a favor da audiência pública sobre o desmatamento zero.

A questão, por sinal, não é nenhum tabu entre os agropecuaristas. O ex-ministro da Agricultura, Wagner Rossi, afirmou recentemente que o setor cresce com base em alta tecnologia e respeito ao ambiente.

– “Estamos caminhando para o desmatamento zero. Os frigoríficos não compram carne de áreas desmatadas. Com uso de tecnologia, o Brasil chegou a uma condição em que pode duplicar sua produção agropecuária sem derrubar uma árvore”.

Esta, por sinal, era também a posição de seu antecessor na pasta da Agricultura, Reinhold Stephanes, que apresentou em junho de 2009, na Comissão de Meio Ambiente da Câmara, uma proposta para conter a pecuária em áreas de floresta da Amazônia. Na ocasião, Stephanes defendeu o desmatamento zero na região e informou que o Ministério da Agricultura solicitou ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais um estudo sobre a situação das áreas desmatadas do bioma.

A Senadora Katia Abreu, atual presidente da CNA – Confederação Nacional da Agricultura, vista por muitos como inimiga do meio ambiente, foi ainda mais longe, e defendeu o desmatamento zero na Amazônia em seu discurso  durante a conferência  mundial da ONU sobre o clima, realizada em Copenhagen em 2009:

– “Esta idéia, esta metáfora do pulmão do mundo, é muito pouco, a Amazônia representa muito mais, ela é uma garantia de biodiversidade no planeta, é um patrimônio do Brasil e das gerações futuras. Nós acreditamos no desmatamento zero e acreditamos no desmatamento zero já, imediatamente.” Segundo afirmou, a mudança do Código Florestal, que está na pauta de reivindicações dos produtores brasileiros, não tem o objetivo de produzir qualquer dano ao meio ambiente. “Ao contrário, nós, produtores, temos interesse na preservação, queremos sim a consolidação das áreas de produção, mas não queremos desmatar mais um palmo da floresta”, assegurou.

Outra entidade que apresentou solicitação de uma audiência pública sobre o desmatamento zero na Amazônia foi a Fundação Darcy Ribeiro, instituição cultural de pesquisa e desenvolvimento científico que atua na área educacional, criada pelo então senador Darcy Ribeiro, que tem como missão manter vivo seu pensamento e garantir a continuidade de seus projetos. Assinou pela fundação o Sr. Paulo Ribeiro, sobrinho de Darcy e presidente da entidade.

A pergunta que fica é: se existem tantas pessoas a favor, e nem mesmo o setor agropecuário é contrário ao desmatamento zero na Amazônia, por que motivo então este ainda não foi tratado com a devida importância pelos parlamentares brasileiros? Cabe aos senadores responderem. A realização de uma audiência pública sobre o tema seria uma ótima oportunidade para isto.

Notícia enviada pela Preserve Amazônia em 12/11/2011 – Autorizada e solicitada a divulgação, total ou parcial

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