O corpo em forma de cubo translúcido é elegante, os tentáculos com listras alaranjadas chamam a atenção. Mas não é nada aconselhável se aproximar da água-viva Tamoya ohboya, que acaba de receber oficialmente seu nome científico.

Dois dos “padrinhos” são os biólogos brasileiros Antonio Marques e André Morandini, do Departamento de Zoologia da USP.

Tim Lowry/Divulgação
Exemplar da medusa que ganhou seu nome científico por votação popular; a foto foi feita nas águas das Antilhas

Exemplar da medusa que ganhou seu nome científico por votação popular; a foto foi feita nas águas das Antilhas

Eles e colegas americanos publicam na revista científica “Zootaxa” a descrição do bicho, que vive no Caribe e causa dor forte e lesões na pele de quem a toca.

A descoberta virou uma oportunidade para fazer o público participar do desafio de batizar uma espécie nova. “Nossa ideia era popularizar o procedimento”, contou Marques à Folha.

PARA O POVO

Para isso, a equipe convidou as pessoas a sugerirem nomes científicos para o invertebrado marinho no site “Ano da Ciência de 2009”, nesse ano.

Os internautas submeteram mais de 300 nomes ao site, reduzidos pelos cientistas para uma lista dos sete mais interessantes, que então passaram pelo crivo de uma votação na internet.

“O nome que ganhou eu particularmente não apreciei, mas tinha de aceitar, né?”, brinca Marques.

Como o nome do gênero do bicho, o Tamoya, já era conhecido (há outra medusa do gênero, a T. haplonema, na costa do Brasil), a escolha foi só para o nome da espécie.

O vencedor foi ohboya, de “Oh boy!” (algo como “Ih, rapaz!”), exclamação ligada tanto à beleza quanto ao perigo representado pelo animal. “Para mim soa excessivamente gringo”, diz o biólogo.

A T. ohboya é relativamente rara e parece ser uma criatura solitária, de hábitos diurnos, embora haja incerteza sobre seu estilo de vida.

Ela se diferencia de seus parentes próximos pelas faixas castanhas e alaranjadas nos tentáculos e pela estrutura de seus nematocistos, o órgão responsável pela “picada”. “É a seringa da medusa”, compara Marques.

fonte: Folha de São Paulo