A NEGOCIAÇÃO internacional sobre como enfrentar a mudança do clima parece ter chegado ao limite do modelo multilateral. Como todas as resoluções têm de ser adotadas por consenso, o risco de impasse é permanente. O fracasso de Copenhague foi só o mais recente e retumbante, não uma exceção.

O modelo tinha dado certo no combate ao buraco na camada de ozônio, provocado por substâncias (CFCs) de largo uso industrial. Apesar da dificuldade de obter consenso com mais de uma centena de países à mesa, fechou-se o Protocolo de Montreal (1987), que baniu os CFCs. Pareceu natural seguir a receita, em 1992, quando se adotou, na Cúpula do Rio, a Convenção da ONU sobre Mudança do Clima.

A convenção só ganhou efeitos práticos com o Protocolo de Kyoto, decidido a duras penas em 1997. O tratado previa metas nacionais para países desenvolvidos reduzirem suas emissões de gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono. Os EUA nunca o ratificaram, e o protocolo se mostrou um beco sem saída.

Com a aproximação do prazo final de Kyoto (2012), a negociação de um novo acordo seguiu pelo mesmo trilho e descarrilou em Copenhague. Os interesses da China e dos EUA inviabilizaram a negociação, adiando um desfecho para nova conferência no México, em dezembro.

Antes que as expectativas voltem a inflar-se além da conta, Yvo de Boer, secretário da Convenção do Clima, pôs o dedo na ferida. Disse que as tratativas sobre as mudanças do clima poderão ser “por partes”, com poucos países preparando medidas e resoluções que seriam depois submetidas à aprovação dos demais.

Ainda não é certo que o modelo será adotado. Mas não há dúvida de que a negociação sobre o aquecimento global necessita de inovações para recuperar-se do fiasco de Copenhague.