O governo afirmou nesta quinta-feira (9) que o desmatamento caiu entre 2008 e 2009 no Pantanal, na mata atlântica e no pampa. Os dados foram divulgados pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

Segundo o resultado do monitoramento dos biomas feito pelo Ibama, a taxa de desmatamento na mata atlântica caiu pela metade: de 0,04% do total de vegetação remanescente no bioma na média 2002-2008 para 0,02% no período 2008-2009. A área total desmatada foi de 248 km2.

No pampa houve uma queda leve –de 0,20% na média dos seis anos anteriores para 0,18% to total de vegetação remanescente em 2009-2009. No Pantanal, a queda foi de 0,47% (média 2002-2008) para 0,12% (2008-2009).

“Você está reduzindo a dinâmica e a magnitude do desmatamento”, disse a ministra.

Segundo o secretário de Biodiversidade e Florestas, Bráulio Dias, que assume na próxima segunda-feira o cargo de secretário-executivo da Convenção da Diversidade Biológica da ONU, entre as causas da redução podem estar o aumento da produtividade da agropecuária e o aumento na fiscalização, além da queda no preço das commodities.

Apesar da queda anunciada, Dias diz ver com “preocupação” a mudança no padrão do desmate no Pantanal, o mais preservado dos biomas brasileiros.

De acordo com o Ibama, a destruição está migrando para o interior da planície pantaneira, onde os chamados platôs –porções de floresta em terra firme, que não alagam– são desmatados para plantar capim.

“É uma adaptação para o gado zebu, que substitui o gado tradicional pantaneiro”, afirmou o secretário. No Pantanal, o gado é criado tradicionalmente em pastagens naturais, o que não demanda desmatamento.

Os dados não têm verificação independente, com exceção do monitoramento da mata atlântica, que é feito também pela ONG SOS Mata Atlântica e pelo Inpe desde a década de 1980, mas que cobre uma área diferente do bioma.

Segundo Márcia Hirota, da SOS Mata Atlântica, a tendência no bioma rem sido de queda, mas é “lamentável” o monitoramento do Ibama não incluir as florestas secas de Minas Gerais, que têm registrado os maiores desmates.

Os dados representam uma boa notícia para o governo às vésperas da votação do Código Florestal na Câmara dos deputados, marcada para o mês que vem.

O relator da proposta na Câmara, o ruralista Paulo Piau (PMDb-MG), já disse que pretende fazer alterações no projeto que veio do Senado, que o governo considera satisfatório.

O governo tem dosado a divulgação de dados de desmatamento de acordo com o momento político. No ano passado, por exemplo, o Palácio do Planalto havia decidido não divulgar os dados do Inpe para a Amazônia (que tinham uma expectativa de alta) antes do fim da conferência do clima de Durban, em dezembro.

Com a confirmação da queda e a saraivada de críticas que o país recebeu nos primeiros dias do encontro, a taxa foi divulgada com fanfarra.

fonte: folha de sp