Advogados que representam grupos ambientalistas, pescadores e funcionários da empresa petroleira BP acusam a companhia de ter perfurado poços a profundidades acima do permitido pelo governo dos EUA.

A explosão de uma plataforma da empresa, há 15 dias, causou o vazamento de óleo que ameaça a costa sul do país.

A exploração estaria acontecendo a quase 7.000 m de profundidade, enquanto a permissão de exploração só valeria até pouco mais de 6.000 m. Além disso, a empresa teria deixado de instalar uma válvula de segurança que poderia ter estancado o vazamento.

“A companhia aceitou correr o risco de não colocar a válvula para poder economizar”, disse Mike Papantonio, um dos advogados dos pescadores da região do golfo do México.

“A alegação sobre a profundidade permitida está factualmente incorreta”, rebateu Andrew Gowers, porta-voz da BP. Segundo ele, a empresa estava alcançando a profundidade máxima de 5.600 m, dentro dos limites permitidos. Sobre a válvula, ele declarou que prefere esperar os resultados da investigação sobre o vazamento.

Tempo melhor

As tentativas de deter o derramamento de petróleo no golfo ficaram um pouco mais fáceis ontem, quando o mar agitado que atrapalhava os trabalhos se tornou mais calmo.

A BP relatou estar tendo sucesso num método de combate ao vazamento, que consiste em usar um submarino operado por controle remoto para borrifar substâncias chamadas dispersantes no óleo.

Tais substâncias ajudam a “quebrar” quimicamente o petróleo conforme ele deixa os poços, o que diminui a quantidade que chega à superfície.

As últimas imagens de satélite da mancha de óleo, feitas na noite de domingo passado, indicam que ela encolheu de 8.800 km2 para 5.200 km2, mas isso significa apenas que parte do combustível acabou indo parar debaixo d’água.

A BP também está testando outras possíveis armas contra o problema. Uma das estratégias é a construção de um domo de contenção, da altura de um prédio de quatro andares e com 70 toneladas, que a empresa planeja usar como “rolha” em um dos três vazamentos. Depois, o petróleo seria bombeado através do domo, rumo à superfície, para ser aproveitado.

Outro plano envolve a colocação de uma válvula de fechamento num dos locais onde o petróleo está vazando, mas o mau tempo tinha atrapalhado essa operação até anteontem.

O efeito ambiental do desastre ainda não está claro. Especialistas examinaram 29 exemplares da tartaruga-marinha ameaçada Lepidochelys kempii, os quais chegaram mortos às praias do Estado do Mississipi nos últimos dias, e não acharam sinais de petróleo nos répteis. A pesca na região, no entanto, já está totalmente paralisada pelo acidente.

FSP