O governo dos Estados Unidos ordenou neste domingo que a petroleira BP informe sobre uma “infiltração detectada” e outras “anomalias” no poço petrolífero danificado no golfo do México.

“Levando em conta as observações realizadas, incluindo a infiltração detectada perto do poço e anomalias indeterminadas na cabeça do poço, o monitoramento do leito marinho é de primordial importância durante o período de testes”, disse o almirante da Guarda Costeira, Thad Allen, em uma carta dirigida ao diretor da BP, Bob Dudley, na qual pediu um relatório a respeito.

A empresa BP disse hoje que o petróleo segue sem fluir para o Golfo do México pelo quarto dia e, após “sinais encorajadores”, espera poder manter o poço estragado selado enquanto termina a construção de um poço alternativo, que desponta como a solução definitiva para o vazamento que começou em abril.

O governo dos Estados Unidos, menos otimista, destacou que o fato de que os atuais níveis de pressão sejam inferiores ao previsto pode corresponder tanto à diminuição das reservas de petróleo no poço quanto a potenciais fugas devido a algum dano na estrutura do manancial.

A petroleira BP afirmou no começo deste domingo que encaminhava-se para finalizar as operações para conter definitivamente a fuga de petróleo no Golfo do México, mas os efeitos da pior mancha de óleo da história dos Estados Unidos afetarão o país durante anos.

Pela primeira vez, a petroleira britânica anunciou hoje a possibilidade de que o poço permaneça fechado até que seja selado definitivamente nas próximas horas, graças à escavação de poços derivados.

Tudo fazia pensar que o poço seria reaberto parcial ou completamente e que o petróleo seria recuperado na superfície depois de um período de testes de alguns dias.

“Esperamos que se os bons sinais continuarem, poderemos continuar com os testes até selar definitivamente o poço danificado”, afirmou o chefe de operações da BP, Doug Suttles, em teleconferência de imprensa.

A BP deteve na quinta-feira o vazamento de petróleo pela primeira vez desde o início da catástrofe em 20 de abril, interrompendo o derramamento de milhões de litros de petróleo nas águas do Golfo do México.

“O poço está fechado e a pressão continua aumentando lentamente”, o que é “um bom sinal”, declarou Suttles no domingo, o 90º dia da catástrofe.

A petroleira continua trabalhando em dois poços de derivação que devem interceptar o poço principal em vários quilômetros debaixo da terra para permitir “matar” definitivamente o vazamento, tapando-o com cimento. Essa operação extremamente complexa e delicada está prevista para o fim de julho ou meados de agosto.

Uma das principais preocupações das autoridades e engenheiros da BP é que até essa data o petróleo comprimido no poço selado por um gigantesco funil não abra brechas e se espanda novamente ao oceano.

A mancha de óleo, criada em 22 de abril depois do naufrágio da plataforma da BP Deepwater Horizon, afeta a vida de todos os habitantes dos estados do Sul dos Estados Unidos, como Texas, Louisiana, Mississipi, Alabama e Flórida, que vivem da pesca e do turismo.

“Não sei se isso ajudará. Continua sendo um conserto de curto prazo”, disse à France Presse um morador de Nova Orleans, o pesquisador médico Ashok Pullikuth.

“O conserto definitivo são os poços de derivação. Esse funil evitou um mês a mais de danos causados pelo vazamento”, completou.

O prefeito de Nova Orleans, Mitch Landrieu, disse à emissora de televisão CNN que “seria obviamente uma notícia maravilhosa” se o funil se mantivesse no lugar.

“Devemos estar atentos para que o poço permaneça fechado. Depois, deveremos captar o petróleo rapidamente, limpar a costa, assegurar-se de que todas as famílias fossem recompensadas e depois começar a restaurar os pântanos”, advertiu.

A AIE (Agência Internacional de Energia) estima que entre 2,3 milhões e 4,5 milhões de barris de petróleo tenham sido derramados no mar, dos quais uma parte foi recuperada ou evaporada.

Com 400 espécies em perigo de extinção – da menor bactéria aos caranguejos e tartarugas marinhas – os especialistas estimam que o petróleo já começou a causar impactos no ecossistema.

FSP