Com o apoio do governo, um consórcio de empresas europeias com fábricas no Brasil -formado por Alstom, Voith Siemens e Vatech Andritz- deve desbancar os concorrentes chineses, japoneses e russos na disputa pelo fornecimento de equipamentos para a hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.

A criação de uma linha especial de financiamento do BNDES para equipamentos de Belo Monte, com até 30 anos de prazo de pagamento, deu musculatura ao grupo para competir em pé de igualdade com os concorrentes estrangeiros, que ofereciam seus produtos por preços até 30% abaixo do praticado no mercado nacional.

Os contratos de compra de máquinas elétricas e turbinas da usina estão estimados em R$ 6 bilhões.

Antes dessa linha especial -criada a pedido do Palácio do Planalto-, outro programa do BNDES para máquinas e equipamentos com o mesmo objetivo e juros subsidiados, o PSI (Programa de Sustentação do Investimento), dava prazos de pagamento de no máximo 120 meses.

O financiamento do BNDES também elimina um potencial risco cambial, já que será realizado em real.

Os pré-requisitos dessa linha especial do BNDES são os de que os produtos tenham 60% de componentes nacionais. A francesa Alstom possui fábricas em São Paulo e em Rondônia. A austríaca Andritz possui plantas em Araraquara e a alemã Voith Siemens também tem linha de produção em São Paulo.

As três multinacionais se uniram em consórcio e fizeram contraproposta ao grupo Norte Energia, liderado pela Chesf e Bertin, que arrematou a usina em abril.

O Norte Energia estava praticamente fechando o negócio com os chineses da Dongfang e Harbin, que haviam oferecido turbinas por um preço na faixa de R$ 4,2 bilhões, valor cerca de R$ 1,8 bilhão abaixo do das empresas multinacionais com fábricas em território nacional.

Orçamento
Com um orçamento apertado de R$ 19 bilhões para construir uma usina estimada em até R$ 30 bilhões pelas empreiteiras, o Norte Energia já chegou até mesmo a cogitar mudar o projeto original.

Antes do leilão, esse grupo de fornecedores liderado pela Alstom havia fechado pré-acordo de fornecimento para o consórcio da Andrade Gutierrez, que perdeu o leilão.

Dentre as concorrentes, destaca-se a chinesa Dongfang, que vai estrear no mercado brasileiro quando entregar as primeiras turbinas da hidrelétrica de Jirau (RO).

A Dongfang e a Harbin, também chinesa, têm garantia de entrega assegurada por fiança do Eximbank da China. A japonesa Toshiba T&D conta com o Jbic (banco de fomento), que dá 100% em crédito com prazo de 18 anos e juros de cerca de 4,12% ao ano. A russa Inter Rao Ues também está na disputa.

Com informações Folha de S. Paulo