Duas iniciativas, apresentadas hoje durante a 28ª edição do Café com Sustentabilidade da FEBRABAN, querem ampliar a adequação do agronegócio às regras socioambientais
O desafio de conciliar a produtividade do campo com as novas exigências socioambientais no País foi o tema do debate ocorrido na manhã de hoje durante a 28ª edição do Café com Sustentabilidade. Organizado pela FEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos, o encontro contou com os palestrantes Henrique Santos, da organização não-governamental The Nature Conservancy (TNC); e Fernando Sampaio, diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC).
As duas apresentações, mediadas pela diretora de Responsabilidade Social Corporativa do Rabobank International do Brasil, Daniela Mariuzzo, esclareceram o real impacto da atividade agropecuária na questão do desmatamento e apontaram as dificuldades para monitorar o cumprimento à legislação ambiental da cadeia produtiva da carne. “O Brasil é o maior exportador de carnes do mundo e, apesar de a agropecuária ter aumentado sua produtividade, a área ocupada por esse setor no País vem diminuindo, o que comprova nosso ganho de eficiência”, disse Fernando Sampaio.
Segundo ele, neste momento, o grande desafio para os frigoríficos é obter informações precisas sobre as práticas ambientais de cada pecuarista antes de aceita-lo como um fornecedor. “Muitas vezes, o único dado que temos sobre uma determinada propriedade são alguns pontos geográficos obtidos via satélite. Nessas situações, tudo o que podemos fazer é sobrepor a localização dessa fazenda com o mapa das áreas protegidas a fim de checar a regularidade do produtor. Mas isso não é suficiente”, declara.
Pensando nisso, o executivo apresentou a proposta da Abiec para criar um rating que classificaria os produtores rurais de acordo com suas práticas socioambientais. Por essa classificação, cada fornecedor teria um grau de risco definido para orientar o frigorífico no momento da negociação. O rating para os pecuaristas ainda é um projeto que deve ser discutido pela associação em conjunto com autoridades públicas, instituições financeiras, organizações não-governamentais, além de pecuaristas e outros representantes do setor. “A intenção é promover o que eu chamo de ‘lógica convergente’ em que todos os participantes da cadeia sejam beneficiados”, acrescenta.
Na palestra de Henrique Santos, o assunto em destaque foi o Cadastro Ambiental Rural (CAR). Ele contou que, desde 2005, a The Nature Conservancy (TNC) – uma das maiores organizações de conservação ambiental do mundo, com presença em mais de 30 países – vem incentivando os produtores rurais brasileiros a aderir voluntariamente a um cadastro para certificar sua adequação às normas ambientais. “Só a quantidade de áreas mapeadas pela TNC no Mato Grosso equivale ao tamanho dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo juntos”, afirmou.
A intenção da TNC agora é obter recursos para desenvolver um software livre, batizado de “Cargeo.gov”, que reúna todas as informações coletadas sobre essas propriedades, para facilitar o gerenciamento e a fiscalização ambiental pelas autoridades públicas.
A diretora do Rabobank, Daniela Mariuzzo, avaliou como positiva as duas apresentações elogiando a FEBRABAN pela iniciativa de trazer esse tema ao debate do Café com Sustentabilidade. “Essas discussões são fundamentais, pois nem sempre consumidor conhece os dilemas e as dificuldades do agronegócio brasileiro”, disse. “Assim como em outros setores, não existe uma solução pronta.”
A próxima edição do Café com Sustentabilidade acontece no dia 12 de novembro, a partir das 8h30, e com o tema “Relatório Integrado para Companhias”, quando será debatida a nova linguagem para negócios sustentáveis. A palestra será no auditório da FEBRABAN, em São Paulo, aberta ao público e com entrada gratuita.
Fonte: FEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos – Diretoria de Comunicação