Reduzir o desmatamento na Amazônia pode se revelar uma vitória apenas aparente contra o aquecimento global, sugere um novo estudo. Mesmo nos anos em que a mata virgem é preservada, queimadas para preparar lavouras podem anular a redução na emissão de gás

carbônico.

O novo trabalho calculou o impacto do uso do fogo não só para o desmate, mas também para limpar o terreno de uso agrícola em áreas já desmatadas, as quais podem estar ocupadas com floresta secundária, o rebrote da mata.

“Não há um monitoramento exato de quanto as queimadas produzem [em gases-estufa], só dados pontuais”, conta um dos autores do estudo, o brasileiro Luiz Aragão, da Universidade de Exeter (Reino Unido).

“O que se sabe é que o desmatamento libera anualmente cerca de 0,2 bilhão de toneladas de carbono. Em anos de seca forte na Amazônia, o fogo levaria à produção de algo entre 0,1 bilhão e 0,2 bilhão de toneladas de carbono”, afirma Aragão.

Contudo, a tendência atual, diretamente ligada ao aquecimento global, é o aumento da secura na região amazônica, explica ele.

No pior dos cenários, portanto, o fogo pode contrabalançar boa parte do que se conseguiu em redução de emissões pela diminuição do desmatamento, afirma o novo estudo, que está na revista americana “Science”.

Junto com Yosio Shimabukuro, do Inpe, Aragão analisou as imagens de satélite que registram a área desmatada e a incidência de fogo.

FSP