Bastou um único clique no acionador e, em 17segundos, o anel superior da Fonte Nova, a maior arena esportiva da Bahia, foi abaixo como um gigante que vai ao chão, às 10h24 horas na manhã deste domingo. Com ele, saíram de cena 59 anos de história do principal palco do futebol baiano. Em seu lugar será erguida uma nova arena esportiva, à cargo do consórcio Arena Salvador 2014 (Odebrecht e OAS). O novo estádio irá sediar jogos da Copa das Confederações em 2013 e jogos da Copa do Mundo de 2014.
O ministro do Esporte, Orlando Silva, prestigiou o acontecimento, ao lado de várias outras autoridades estaduais e municipais. Logo depois, o presidente do consórcio, Dênio Cidreira, entregou ao ministro um pedaço de concreto da, agora, antiga arena, para ser guardada como lembrança.
Nos dias que antecederam a implosão, porém, quem passava pela Fonte via somente o anel superior. O inferior já havia sido demolido. Restou ainda a tribuna de honra, que cairá em outro momento, com o auxílio de máquinas. A opção por uma posterior demolição mecanizada visou evitar danos em edifícios localizados em áreas próximas.
Toda a engrenagem montada para histórica e inédita demolição do estádio, a primeira da América Latina, impôs mudanças à rotina dos baianos, com evacuação de residência do entorno, ruas interditadas, estacionamentos proibidos, mudanças das linhas de ônibus, desvios e inversões de tráfego. Essas ações visaram garantir a segurança da população.
A recomendação passada era a de que as pessoas ficassem em casa, assistindo a tudo pela televisão. Afinal, todos os canais locais transmitiram ao vivo a implosão. Ainda assim, um grande número de pessoas se fez presente nas imediações, para assistir ao fim da velha Fonte Nova, que sempre foi uma referência não só esportiva, mas social, cultural, turística e até geográfica da cidade.
“Por ser o nosso principal estádio, a Fonte Nova permanecerá em nossas lembranças. A implosão não apagará a sua história. Agora, sai a velha e entra o conceito do novo, com mais segurança, e mais conforto”, disse Raimundo Nanato, o ex-jogador Bobô, diretor geral da Superitendência de Desporto da Bahia (Sudesb).
A missão de apertar o botão que tirou de cena o estádio ficou à cargo de Morgan Wattinks, engenheiro da civil da Arcoeng, empresa responsável pela demolição. Mas o comando foi do também engenheiro civil baiano Carlos Augusto Freire de Carvalho, frequentador do estádio desde 1966. Ele revelou ter guardado como lembrança alguns pedaços do estádio.
“Está é também minha primeira vez atuando na implosão de um estádio e justo este onde vivi tantas emoções. São muitas as recordações”, disse Carvalho, que é torcedor do Bahia, time que tinha o seu mando de campo na Fonte Nova.
Momentos antes da implosão, ele falou pelo rádio com cada um dos nove postos montados ao redor do estádio e, somente após receber constatar que estava tudo certo, ele acionou o detonador, uma espécie de bastão, com cerca de 25 centímetros.
Toda a operação movimentou um grande contingente estimado em cerca de 1.100 integrantes da Defesa Civil, Polícia Militar, Guarda Municipal, Transalvador, Bombeiros e Salvamar , além do engenheiro John Mark Loizeaux, presidente da empresa americana Controlled Demolition Inc. (CDI), responsável pelo controle de qualidade d etodo o rpocesso de demolição.
Mais de dois mil moradores de cerca de 900 imóveis do entorno tiveram que deixar suas casas como medida preventiva por se tratar de uma implosão de grandes proporções. Alguns o fizeram contrariados pois gostariam de assistir ao “espetáculo” de camarote particular. A previsão de retorno era até o meio-dia.
O projeto da implosão foi elaborado levando em consideração os limites de vibração toleráveis pelos imóveis históricos e mais críticos, localizados no entorno do estádio. Todos os 138 pilares da Fonte Nova (que foram furados e carregados com explosivos) foram revestidos por uma tela metálica e por uma manta de geotêxtil ultra-resistente, o que reduzirá a projeção de materiais para o entorno. Todos os limites de tolerância às normas brasileiras, no que diz respeito a ruído, poeira e vibração do solo foram obedecidos, conforme explicou Alexandre Chiavegatto, diretor do consórcio.
FSP