BRASÍLIA, 26 de julho (Reuters) – O empresário Jorge Gerdau, que preside a Câmara de Política de Gestão do governo Dilma Rousseff, defendeu nesta terça-feira, após reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), que o governo adote medidas para conter a entrada de capitais.

Gerdau tem grande proximidade com a presidente e com a equipe econômica e disse que o “Brasil tem que definir limites de entrada de capitais (estrangeiros)”, o que, na sua avaliação, tem alimentado um processo de desindustrialização no país e intensificado a valorização do real frente ao dólar.

Segundo o empresário, a limitação à entrada de capitais deve ser feita por mecanismos tributários, semelhante à elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), usado há alguns meses pela equipe econômica para reduzir o capital especulativo entrante na economia brasileira.

Contudo, Gerdau disse perceber as dificuldades para o governo adotar medidas imediatamente e que tem sentido nas conversas com ministros que “é preciso esperar um pouco a definição do cenário externo”.

O empresário avalia que a decisão sobre controle dos ingressos de capitais exige que o Brasil escolha que caminho quer seguir. “Como existem necessidades sociais, é muito difícil não querer continuar recebendo esses dinheiros. É uma mudança de cultura que o Brasil tem que trabalhar, nao é fácil” explicou.

Gerdau disse que a presidente “tem a mesma preocupação total” com a desindustrialização. Contudo, ele não revelou que medidas Dilma pode adotar para interromper esse processo.

Na próxima semana, está previsto o lançamento da nova política industrial, e são aguardadas desonerações tributárias para exportadores e para processos de inovação tecnológica.

“Hoje com o dólar como está todos os atrasos de não ter feito ajustamento (tributário) nesses anos todos faz com que venha à tona a não competitividade (da indústria brasileira),” argumentou.

Às 14h16, o dólar recuava 0,53 por cento, cotado a 1,5360 real na venda, nas mínimas desde janeiro de 1999.

(Por Jeferson Ribeiro; Edição de José de Castro)

fonte: VEJA