Funcionários do governo do Pará afirmam que Secretaria de Meio Ambiente abriga um esquema de corrupção e favorecimento para autorizar a venda de madeira retirada da Amazônia. A secretaria autoriza por ano a movimentação de R$ 4 bilhões em madeira, e projetos que permitem a extração legal das árvores são muito disputados por madeireiros que, segundo funcionários ouvidos pelo Bom Dia Brasil, pagam propina para consegui-los.

As denúncias de corrupção na Secretaria de Meio Ambiente do Pará estão sendo investigadas pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal. “Pagam sim, e isso movimenta um máfia lá dentro. Tem pessoas sim enriquecendo lá dentro. E, quando a gente fala enriquecendo, a gente fala enriquecendo mesmo”, revelou um homem que não quis se identificar.

Um outro funcionário afirma que representantes dos madeireiros chegam a entrar na secretaria para pressionar os servidores. “Você não sabe de que maneira eles acessam a secretaria. Quando você dá por si, essas pessoas estão na sua mesa de trabalho pressionando para que seus projetos sejam aprovados”, disse.

Oito funcionários da Secretaria de Meio Ambiente do Pará foram afastados na semana passada. Eles são acusados de favorecer madeireiros. Segundo a secretaria, alguns servidores aumentaram irregularmente em três projetos a quantidade de madeira que poderia ser retirada da floresta.

Abandono do cargo

“Há um conjunto de registros desses lançamentos dentro do sistema, identificando os servidores que, presumivelmente, tenham feito o lançamento. É impossível ou praticamente impossível que essa fraude tenha ocorrido de fora da secretaria”, reconheceu o secretário Estadual do Meio Ambiente, Valmir Ortega.

O secretário anunciou que vai deixar o cargo. Foi aberto um processo administrativo para apurar a denúncia contra os funcionários.

“Concretamente, agora, nós temos apurados de concreto três servidores, mas há indícios de que há mais envolvidos no esquema”, declarou o procurador da República Daniel Cézar Avelino.

As investigações revelaram que o golpe permitiu a retirada ilegal de 80 mil metros cúbicos de madeira, o equivalente a R$ 25 milhões. Agora, o Ministério Público Federal quer saber quem são os madeireiros que se beneficiaram do esquema. Os funcionários afastados não quiseram gravar entrevista.

Do Globo Amazônia, com informações do Bom Dia Brasil