O Greenpeace denunciou que o local que abriga o quarto reator da usina nuclear ucraniana de Chernobil, cidade em que ocorreu a maior catástrofe atômica da história, em 1986, está “cheio de buracos”.

“O atual ‘sarcófago’ está cheio de buracos. Já não cumpre suas funções”, declarou Vladimir Chuprov, chefe do braço russo de energia do Greenpeace, à agência “Interfax”.

Chuprov alertou que “pode haver vazamento de material radioativo por meio das fendas e dos buracos”.

“O prazo de validade do ‘sarcófago’ expirou há três anos. Agora, se fala sobre sua reparação. Caso um novo ‘sarcófago’ não seja instalado em breve, as consequências podem ser de qualquer ordem”, ressaltou.

O ativista lembrou que o consórcio internacional criado para resolver o problema que Chernobil representa já arrecadou bilhões de euros para colocar o novo “sarcófago”, mas as autoridades ucranianas ainda não iniciaram as obras.

O Ministério de Situações de Emergência da Ucrânia informou ontem que, “nos últimos tempos, não houve avarias com vazamento de substâncias químicas na zona”.

Em 2008, as autoridades ucranianas permitiram, por ocasião do 22º aniversário da catástrofe, as primeiras visitas de antigos habitantes à “zona de exclusão” (30 quilômetros em torno da usina).

A administração da central explicou que as visitas dos habitantes, que foram retirados dessa zona após a catástrofe, são agora possíveis graças às atividades de desativação e às medidas de segurança tomadas nos últimos anos.

O reator número quatro da usina nuclear de Chernobil foi palco de uma cadeia de explosões na madrugada do dia 26 de abril de 1986, embora as autoridades soviéticas tenham escondido a tragédia da população durante dois dias.

A usina, cujas explosões foram provocadas por uma conjunção de erros humanos, técnicos e de construção, espalhou até 200 toneladas de material com um nível de radioatividade equivalente a 500 bombas atômicas como a de Hiroshima.

As autoridades ucranianas pretendem desativar totalmente a usina e o terreno adjacente até 2018, e “enterrar para sempre” as 200 toneladas de combustível nuclear que ainda estão armazenadas sob o reator acidentado.

O consórcio francês Novarka assinou um contrato com as autoridades ucranianas para construir um segundo “sarcófago” sobre o quarto reator, e se comprometeu a garantir a segurança da usina, aos trabalhadores da mesma, do entorno natural e da população da área durante os próximos 100 anos.

O atual “sarcófago” que abriga o reator já apresentava fendas e registrava fugas de material radioativo. Por isso, a companhia estatal russa Atomspetsstroy efetuou obras de modernização, que garantirão sua segurança durante 15 anos, suficientes para erguer o segundo molde de concreto.

Folha de São Paulo