Foram seis anos de espera, dois vice-campeonatos e uma passagem traumática por outra escola, mas finalmente ontem o carnavalesco Paulo Barros se sagrou campeão do Carnaval carioca com a Unidos da Tijuca. É o segundo título da agremiação, que só vencera em 1936.
Alvo de críticas de outros carnavalescos por “espetacularizar” os desfiles e “militarizá-los” com um excesso de alas coreografadas, Barros fez um desfile mais leve -com apenas seis alegorias, das oito habituais- e mesclou suas marcas com alegorias clássicas e mais bem acabadas no enredo “É segredo”.
A fórmula deu resultado, e a Tijuca superou forças como Grande Rio, em segundo lugar; Beija-Flor, em terceiro; Vila Isabel, em quarto; Salgueiro, quinto; e Mangueira, em sexto. Todas voltam no sábado à Sapucaí, no Desfile das Campeãs.
Para ganhar o título, Barros disse que precisou amadurecer. Mas manteve sua prioridade: surpreender o público, como na comissão de frente, em que bailarinas trocavam de roupa durante truques de ilusionismo.
No desfile deste ano havia apenas duas “alegorias vivas”: a dos super-heróis, com Batmans esquiando, e o último carro, cujos movimentos formavam um pavão, símbolo da escola.
“Faltava maturidade e paciência. A vida nos ensina que temos de ser pacientes. Descobri efetivamente agora um caminho para fazer Carnaval. Descobri meu próprio segredo.”
Barros disse que “finalmente os jurados entenderam” seu trabalho. “Demorou um pouco, mas o moderno está aí para todo mundo ver e ter diversão.”
Segundo ele, o “gostinho de ser campeão na Tijuca não tem preço”. Foi a escola que levou o ex-comissário de bordo do Grupo de Acesso para o Especial. Nascido em Nilópolis (Baixada Fluminense), Barros aprendeu a fazer Carnaval ao ver as criações de Joãosinho Trinta no barracão da Beija-Flor.
Em 2004, quando estreou na Tijuca, levou o vice-campeonato após causar impacto com o carro do DNA, um enorme cone humano representando o código genético. Em 2005, mais uma vez foi vice com um enredo sobre lugares e cidades perdidas.
Barros nunca desenvolve enredos clássicos e cronológicos. Prefere temas genéricos.
Nem sempre deu certo. Em 2006, ainda na Tijuca, ficou em sexto lugar. Em 2007, foi para a Viradouro -rebaixada ontem- e fez um enredo sobre o jogo, que lhe deu o quinto lugar. No ano seguinte, adotou um tema confuso sobre coisas que causam arrepio e ficou em sétimo.
No meio de 2008, foi demitido da Viradouro e dividiu com Alex de Souza o trabalho na Vila Isabel sobre o Teatro Municipal do Rio. Acabou em quarto.
Folha de São Paulo