O leopardo nebuloso de Sundaland, qualificado recentemente como uma nova espécie de felino de grande porte, foi filmado em seu habitat e as imagens, divulgadas pela primeira vez.
O filme foi realizado por um grupo de cientistas que trabalham na Reserva Florestal de Dermakot, na Malásia.
Este tipo de leopardo é um dos menos conhecidos de todas as espécies de felinos e só foi identificado como uma espécie distinta há três anos.
Também foram fotografados dois outros felinos raros.
Os detalhes da descoberta foram publicados na última edição de “Cat News”, o boletim do Grupo Especializado em Felinos da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, em inglês).
“Leopardos nebulosos são uma das espécies mais esquivas de felinos”, disse Andreas Wilting, do Instituto para Pesquisa de Fauna Zoológica e Selvagem Leibniz em Berlim, na Alemanha.
Wilting é líder de um projeto que avalia o impacto das mudanças na floresta de parte de Bornéu nos animais carnívoros que vivem no local.
Sem medo
Como parte daquele projeto, a equipe coloca uma rede de câmeras na floresta que fotografam automaticamente os animais que passam.
A equipe também realiza pesquisas regulares à noite, lançando um facho de luz da traseira de um veículo que circula pela Reserva Florestal de Dermakot, em Sabah.
Durante uma dessas investigações, eles encontraram um leopardo nebuloso de Sundaland caminhando por uma estrada.
“Pelos primeiros onze meses nós não encontramos um único leopardo nebuloso durante estas incursões noturnas”, disse Wilting.
“Então todos os membros da nossa equipe ficaram muito surpresos quando este leopardo nebuloso foi encontrado.”
“Foi até mais surpreendente que este indivíduo não esteja com medo da luz ou do ruído do veículo.”
“Durante mais de cinco minutos este leopardo nebuloso ficou andando em volta do carro, o que, comparado ao encontro com outros animais, foi muito estranho, pois a maioria das espécies fica com medo e foge depois de encontradas.”
Divulgação inédita
Um leopardo nebuloso de Sundaland já tinha sido filmado em cativeiro. Um turista também teria conseguido filmar um animal da espécie por 30 segundos, em 2006, mas as imagens jamais foram divulgadas para o público.
Até 2007, acreditava-se que todos os leopardos nebulosos vivendo na Ásia pertenciam a uma única espécie.
Mas estudos genéticos revelaram que há na verdade duas espécies bem distintas. Além do animal que vive no continente asiático (Neofelis nebulosa), os cientistas estabeleceram que há uma espécie separada que vive nas ilhas de Bornéu e Sumatra.
Acredita-se que as duas espécies tenham se separado há mais de um milhão de anos.
Este leopardo é conhecido hoje como leopardo nebuloso de Sunda ou de Sundaland (Neofelis diardi), e anteriormente era chamado, por equívoco, de leopardo nebuloso de Bornéu.
Desde 2008, ele foi incluído na lista de espécies vulneráveis da IUCN.
Outros bichos
Durante a pesquisa, a equipe de cientistas também descobriu um cervo sambar (Cervus unicolor), que foi morto por um leopardo nebuloso.
Apesar de ser uma floresta explorada comercialmente de maneira sustentável, a Reserva Florestal de Dermakot, em Sabah, que tem cerca de 550 quilômetros quadrados de área, abriga todas as cinco espécies existentes de felinos de Bornéu.
Além de registrar as imagens do leopardo nebuloso, os pesquisadores também filmaram quatro outras espécies de felinos selvagens.
Uma espécie de menor porte mais comum na área já havia sido filmada antes.
“Mas por causa de seus hábitos noturnos, comportamentos específicos como marcar o território com seu odor natural raramente é registrado em imagens”, disse Wilting.
Foram filmados ainda um gato-de-cabeça-chata (Prionailurus planiceps), um gato-vermelho-de-Bornéu (Catopuma badia) e um gato marmorado (Pardofelis marmorata).
“As três espécies são muito especiais”, disse Wilting.
Mas o gato-vermelho-de-Bornéu é atualmente considerado uma das espécies de felinos menos conhecidas e está na lista de ameaçadas de extinção.
Na mesma categoria está o gato-de-cabeça-chata.
E, em um momento em que vários países asiáticos se preparam para comemorar o Ano do Tigre, que começa no dia 14 de fevereiro, o Fundo Mundial para a Natureza informa que os tigres estão em perigo em toda parte.
O número de tigres em cativeiro nos Estados Unidos é maior do que o número de tigres em seu habitat natural em toda a Ásia. Há 3,2 mil tigres na natureza, onde são ameaçados por caçadores, perda do habitat e tráfico ilegal.