Apesar do avanço das lavouras de cana-de-açúcar sobre áreas destinadas à pecuária e à agricultura nos últimos anos, uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apresentada nesta quarta-feira, 26 de maio, aponta que o país não perderá potencial como produtor de alimentos em função de tal crescimento.

No entanto, o estudo Biocombustíveis no Brasil: Etanol e Biodiesel ressalta a necessidade de o Estado regular a fabricação de etanol e priorizar a produção de alimentos com financiamento e infraestrutura. O documento apresenta a estabilidade dos preços como um dos grandes desafios do mercado de etanol, que atualmente demonstra forte volatilidade durante o ano.

Além da formação de um grande estoque regulador a partir deste ano, que estará contemplado com R$ 2,4 bilhões no próximo plano safra, outras medidas para evitar tais oscilações são a consolidação das compras futuras e a liberação da alíquota para importação de etanol, que era de 20% e foi suspensa no início de abril pela Câmara de Comércio Exterior (Camex).

Segundo a pesquisa, o mercado internacional de etanol poderá atingir 200 bilhões de litros nos próximos dez anos. Na última safra, o Brasil produziu 25 bilhões de litros, dos quais 4,7 bilhões foram exportados. O protecionismo aos mercados externos, entretanto, pode apresentar um empecilho a essa expansão, de acordo com o Ipea.

Para contrapor os argumentos protecionistas, que se referem à sustentabilidade, o estudo mostra que algumas iniciativas importantes devem ser reforçadas, como o Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar, entre sindicatos, governo e usineiros; e o Zoneamento Agroecológico (ZAE) da Cana-de-Açúcar, que proíbe a expansão e a instalação de novas usinas na Amazônia, no Pantanal e na Bacia do Alto Paraguai.

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