O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) do Amazonas será obrigado a levar para igarapés da bacia amazônica 1,1 milhão de peixes ornamentais (avaliados em US$ 250 mil) apreendidos durante uma operação da Polícia Federal. A determinação é da Justiça Federal de Altamira (PA).

Os peixes, da empresa Turkys Aquarium –a maior do ramo no país, com sede em Manaus–, foram apreendidos nesta quarta-feira (19) sendo comercializados ilegalmente. O empresário Asher Benzaken e outras seis pessoas, de Altamira e de São Paulo, foram presas pela PF. Elas são suspeitas de ter praticado crimes como formação de quadrilha, corrupção ativa e crime ambiental.

Com a decisão, o Ibama terá que transportar os peixes até os rios Xingu (PA), Guaporé (RO e MT), Purus e Negro (AM). O problema é que os habitat dos animais fica a mais de 1.500 km de distância de Manaus.

O instituto terá que fazer uma megaoperação e contratar barcos, carros e até aviões para cumprir a decisão judicial. Muitos dos peixes, que medem de 1 cm a 40 cm, poderão morrer durante as viagens.

“O juiz mandou soltar todos os peixes na natureza. Isso é inviável. Esses peixes vivem em pequenos igarapés. Se colocar nos rios, vão morrer todos”, afirma James Bessa, chefe do Núcleo de Recursos Pesqueiros do Ibama.

Bessa diz que o órgão sugeriu à Justiça Federal que o empresário seja o fiel depositário da carga, como já acontece nos casos de apreensão de madeira ilegal. “Nesse caso, a carga ficará sob responsabilidade da empresa até a Justiça decidir outro destino.” Ainda não houve uma resposta.

Em Altamira, mais de 1.800 peixes que também foram apreendidos acabaram soltos no rio Xingu, depois de serem ensacados e levados de lancha até os pontos onde terão mais chance de sobreviver. Outros peixes encontrados em Santos (SP) devem ter como destino um aquário e ficarão expostos ao público.

A reportagem não conseguiu localizar o advogado do empresário Asher Benzaken, que está preso em uma cadeia de Manaus. A empresa Turkys Aquarium está fechada.

Na operação, foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão. O esquema, segundo a PF, tinha início com a compra dos animais de pescadores. Depois, os animais eram levados para o Sudeste, de onde partiam para Europa e Ásia.

Os pescadores recebiam cerca de R$ 20 por peixes que acabavam vendidos a compradores estrangeiros por até US$ 1.500 (mais de R$ 2.500) –caso do acari-zebra, uma espécie em extinção. Os negociadores do exterior ainda não foram identificados. As arraias diamantes (pescadas na fronteira do Pará com o Mato Grosso) eram vendidas por 6.000 euros.

Kátia Brasil
da Agência Folha, em Manaus
João Carlos Magalhães
da Agência Folha, em Belém