O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou nesta quarta-feira que o país vive desde o mês passado um “momento singular” na agricultura. Na abertura da Bio Brazil Fair 2009, feira de produtos orgânicos e agroecologia, em São Paulo, ele ainda rebateu críticas à produção de álcool e condenou o envio de lixo tóxico para o Brasil.

Entre os fatores que impulsionaram a agricultura recentemente, o presidente citou o lançamento do plano safra, divulgado em junho, com o destino de R$ 107,5 bilhões ao setor por meio do PAP (Plano Agrícola e Pecuário) 2009-2010. “Foi um plano construído em várias mãos, com a participação de produtores e entidades ligadas à agricultura”, disse o presidente.

Lula também destacou o Plano Safra da Agricultura Familiar 2009/2010, que prevê recursos no valor de R$ 15 milhões. O montante atende às linhas de custeio, investimento e comercialização do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar).

Lula apontou, em resposta aos críticos da produção de álcool no Brasil, a adesão de usineiros a um tratado com o objetivo de garantir qualidade de trabalho para os cortadores. Segundo o presidente, o acordo contou com 303 representantes da indústria, representando 85% das usinas, e será apresentado durante a conferência sobre o clima em Copenhague, na Dinamarca, em dezembro.

“Não há grande conquista, apenas humanização do trabalho na cana”, disse Lula. “A União Europeia diz que a produção do álcool não tem valor porque usa trabalho escravo e é insalubre. (…) Esses países se esqueceram que a base da economia deles foi o carvão e trabalhar em uma mina é infinitamente pior que trabalhar nos canaviais”.

Lula disse ainda que os acordos climáticos só vão dar certo se países como Alemanha, Grã-Bretanha diminuírem o próprio patamar de poluição.

“Para o mundo rico, é tudo muito fácil. Eles acham que basta fazer um fundo [de carbono] para os países que ainda têm florestas e depois falam que gado, cana e soja invadem a Amazônia, quando todos sabem, qualquer pessoa sensata sabe, que não há cana na Amazônia”.

Quanto ao envio de lixo tóxico do Reino Unido para o Brasil, Lula disse que prefere importar outros produtos.

“Eles que são tão limpos mandam conteiner de lixo pra cá, dizendo que é para reciclar. Quem vai reciclar camisinha e seringa usada. Não queremos exportar nosso lixo para outros países e também não queremos importar lixo. Queremos importar outras coisas que não lixo”.

Bruno de Vizia
Folha Online