Pré-candidata do PV à Presidência, a senadora Marina Silva (AC), chamou de “frustrante” a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que discursou na abertura da 64ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas). Segundo a senadora, ao tratar do golpe de Estado em Honduras, o presidente perdeu uma oportunidade de mostrar à comunidade internacional que o Brasil pode ser protagonista nos debates sobre desenvolvimento sustentável.

“A falta de foco do nosso presidente acabou diminuindo a ação brasileira na ONU. O momento exigia que o Brasil fosse mais forte na questão do clima. […] Diante de todas as possibilidades de fazermos diferença nesse processo, acho que [a participação do presidente] foi bastante frustrante”, disse.

Marina –que foi ministra do Meio Ambiente do governo Lula– disse que foi surpreendida com a defesa do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e de França, Nicolas Sarkozy, que enfrentaram a questão. “Sarkozy nem estava inscrito e pediu a palavra e o presidente Obama teve uma fala forte sobre a responsabilidade do planeta”, afirmou.

O presidente do PV do Rio, vereador Alfredo Sirkis, reforçou as críticas. “Ficou uma lacuna do presidente Lula ao colocar na assembleia que está mais interessado em discutir a questão de Honduras. Não foi o momento mais feliz da performance do Brasil no mundo”, afirmou.

Durante sua participação nesta quarta-feira na ONU, o presidente Lula fez um apelo para que o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, seja reconduzido à Presidência do país centro-americano. Lula pediu que a comunidade internacional fique atenta à “inviolabilidade” da embaixada brasileira na capital hondurenha, Tegucigalpa, onde Zelaya está abrigado desde a última segunda-feira.

O presidente ainda tratou da crise financeira internacional e cobrou reformas em organismos internacionais como o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial.

“Meu país propõe uma autêntica reforma dos organismos financeiros multilaterais. Os países pobres e em desenvolvimento têm de aumentar sua participação na direção do FMI e do Banco Mundial. Sem isso não haverá efetiva mudança e os riscos de novas e maiores crises serão inevitáveis”, disse.

O último assunto abordado pelo presidente foi a necessidade de ações para reverter o aquecimento global. Lula disse que o Brasil chegará à cúpula sobre mudanças climáticas que acontece em dezembro em Copenhague, na Dinamarca, com “alternativas e compromissos precisos”.

“Aprovamos um Plano de Mudanças Climáticas que prevê uma redução de 80% do desmatamento da Amazônia até 2020. Diminuiremos em 4,8 bilhões de toneladas a emissão de CO2, o que representa mais do que a soma dos compromissos de todos os países desenvolvidos juntos. Em 2009, já podemos apresentar o menor desmatamento dos últimos 20 anos.”

Márcio Falcão
Folha Online