SÃO PAULO – Escancarou-se a disputa pelo comando e pelos rumos do PV. De um lado estão José Luiz Penna, presidente dos “verdes”, e o deputado Zequinha Sarney (MA), do mainstream partidário; do outro, os “marineiros”, representados pela voz do deputado Alfredo Sirkis, presidente do PV no Rio.
A briga explodiu depois que Penna manobrou internamente e aprovou a prorrogação de seu mandato por mais um ano, frustrando a expectativa de que haveria renovação da direção verde ainda em 2011.
Era uma crise anunciada. Marina fez com o PV um casamento de conveniência. A um partido sem expressão, vinha a calhar a candidata negra e de origem pobre, cuja trajetória pública se confundia com a pauta ambiental e a bandeira do desenvolvimento sustentável. Marina teve quase 20 milhões de votos. Acumulou respeitabilidade. Mas não engordou a bancada verde.
Marina tomou Doril depois da eleição. Ela e seu grupo agora buscam respaldo na mídia e na opinião pública, que lhes são simpáticas, porque no front interno levaram uma rasteira. Quem manda no cartório verde é Penna e sua turma.
No cargo desde 1999, esse tipo meio “hipponga”, que mais lembra um remanescente de Arembepe, fala menos na língua peace & love do que no idioma dos negócios. Importa ao PV de Penna estar com Kassab em São Paulo, com Alckmin no Estado e com Dilma no plano federal. O PV é o Partido da Voltinha, sempre de olho no próximo cliente.
Entre os “marineiros” circula até a versão de que Penna estaria agindo em nome de interesses maiores, sobretudo do petismo, empenhado em desarticular o legado eleitoral de Marina. Parece uma tese típica da esquerda, um tanto paranoica.
Marina é uma reserva de energia limpa no PV. Mas precisaria também produzir alguma combustão política. Ela transmite a incômoda sensação de estar sempre num pedestal -além e acima das disputas. Sem descer da árvore para brigar, vai acabar eleita rainha da floresta.


fonte: Folha de SP