GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO

“O papo vai ser reto. Preciso de R$ 100 mil na minha conta, já. Pode chamar a polícia que eu não tenho medo”. O empresário de 29 anos, tremeu ao se deparar com a mensagem por e-mail.

O texto seguia com ameaças de sequestro e detalhes sobre a vida da vítima. Com medo, o empresário contou tudo para a polícia.

Ontem, o “criminoso” foi achado: uma menina de 15 anos, filha de uma dentista, que relatou o motivo da extorsão. “Só queria o dinheiro para sair da cidade”, disse a moradora de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo.

Ao chegar à casa da jovem, ontem, os policiais se surpreenderam não só com o ar infantil da garota, que forneceu os dados bancários da mãe para receber o dinheiro. Mas por sua tranquilidade ao admitir a autoria dos textos.

Surpresa também estava a mãe: “Ela passa o dia na internet, mas não imaginava que era isso”, disse ao delegado Wilson Zampieri, da Delegacia de Repressão a Extorsão. A polícia foi acionada no último dia 12, um dia após o primeiro e-mail.

Dono de um escritório que negocia carros de luxo como Porsches e Ferraris, a vítima se assustou com os detalhes.

O apelido da filha e da mulher e os locais que eles frequentavam eram descritos em 12 mensagens. O autor demonstrava conhecer a rotina do empresário, que durante a negociação tirou a mulher e a filha do Estado, acompanhadas de seguranças.

Foi fácil chegar a tantas intimidades. Fotos da família degustando vinhos em restaurantes e o e-mail do empresário estavam disponíveis no Facebook.

“Foi o erro. As pessoas devem fechar o perfil e evitar se expor na internet”, disse o delegado após deter a garota.

Os investigadores conseguiram descobrir de que computador partiam as mensagens após obter da Justiça a quebra de sigilo do e-mail criado pela garota. Ela acabou fornecendo informações ao empresário que ajudaram a identificá-la.

“Teve um momento em que eu já não sabia se lidava com um sequestrador ou com um psicopata”, disse a vítima à Folha. Ao se deparar com uma sala de delegacia, a menina chorou. Depois, foi encaminhada à Fundação Casa.