No dia 21 de abril de 2009 iniciou-se o Ano da França no Brasil. Fundamentado em uma parceria estratégica franco-brasileira visa intensificar as relações científicas, econômicas, políticas e culturais entre as duas partes. Embora outros países como o México e a Argentina tenham também realizado seus anos na França, o Brasil é o único país da América Latina a organizar um Ano da França em sua casa, retribuindo o intercâmbio. Tal retribuição requer esforços de ambos os países além da participação ativa de estudantes, pesquisadores, artistas e o apoio da imprensa, do governo, e as empresas financiadoras.
Olivier Poivre d’Arvor, o diretor da Cultures France – organizadora do Ano da França no Brasil, e antiga Associação Francesa de Ação Artística -, diz que um dos principais objetivos é trazer a cultura francesa contemporânea, mais desconhecida, alcançar também as camadas mais populares do Brasil, esperando-se atingir um público de 30 a 40 milhões de pessoas. A programação envolverá as principais capitais brasileiras, São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador; além de outras grandes cidades como Porto Alegre, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Recife e Manaus, as quais receberão manifestações itinerantes e alguns grandes eventos populares, especialmente para as cerimônias de abertura.
As representações diplomáticas francesas e brasileiras estão mobilizadas desde a fase de preparação. Os outros ministérios e operadores envolvidos na organização fazem parte de um comitê de direção que se reúne periodicamente sob a autoridade do Ministério dos Assuntos Exteriores e Europeus. Esta implantação de um comitê misto de organização composto, pelo lado francês e pelo lado brasileiro, por representantes designados, assegura a coerência de programação e dos compromissos orçamentários.
Neste contexto, a Universidade de São Paulo e a Universidade de Rennes 2 propõem a organização de um trabalho realizado por meio de pesquisas em campo, cuja temática são as dinâmicas agrícolas e seus impactos ambientais no estado de Mato Grosso. Este trabalho envolve entre 15 e 20 estudantes de cada universidade, promovendo o estreitamento entre pesquisadores e estudantes franceses e brasileiros.
O objetivo é abordar a diversidade de realidades brasileiras por meio do exemplo do Mato Grosso, verdadeiro laboratório das dinâmicas agrícolas e ambientais registradas nos últimos anos no âmbito de três dos biomas mais importantes do Brasil: as florestas ombrófilas e mesófilas, os cerrados e as zonas úmidas (Pantanal). As dinâmicas ambientais, demográficas, econômicas e espaciais que acompanham o avanço da frente pioneira no Mato Grosso são estudadas há muitos anos pelos pesquisadores das duas universidades: a abordagem e, ao mesmo tempo, geográfica e sócio-política. As principais metodologias a serem utilizadas consistem em trabalho de campo (questionários atores), de medidas físicas (levantamento de biodiversidade e de meteorologia), de controle de campo (cortes e validações) em apoio á analise de imagens de satélite. Entre as temáticas abordadas, pesquisas particulares serão realizadas sobre a agroindústria, a biodiversidade e o meio natural, a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável, a diversidade de modos de utilização do solo.
Assim, o projeto prevê uma viagem de campo, com duração 29 dias, os trabalhos realizados pela equipe ao longo desta viagem serão objeto de apresentações regulares nos seminários intermediários organizados em várias cidades (Rondonópolis, Cuiabá, Sinop, Alta Floresta e Juína).
Uma breve apresentação de o que visitaremos e em quais cidades está a seguir. Em Rondonópolis analisaremos a paisagem de uma grande produção (laranja, cana-de-açúcar, pecuária); consolidação da frente pioneira e apresentação na UFMT, biodiesel. Visitaremos o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães. Em Cuiabá terá a apresentação das políticas de controle ambiental (SEMA, IBAMA, FUNAI) e agroindustrial (FAMATO). Em Sorriso, visitaremos Lucas do Rio Verde, uma grande propriedade mecanizada de produção de soja. Visitaremos o Projeto Sorriso Vivo, sobre o desenvolvimento sustentável e os grandes estabelecimentos agrícolas. Em Sinop, haverá trabalho de campo com medidas climáticas, cartografia urbana, analisando o histórico de expansão urbana. Na BR 163 – Itauba/ Alta Floresta, visitaremos uma serraria e estabelecimentos de pequenos agricultores ao longo da BR 163. Em Alta Floresta, visitaremos o Projeto Ouro Verde que é sobre alternativas sustentáveis para a pequena agricultura. Visitaremos a Reserva Particular de Patrimônio Natural Cristalino, onde há a preservação ambiental e alternativas econômicas, ecoturismo e etc.
Visitaremos também um projeto de colonização pública: Carlinda. Em Cotiguaçu, visitaremos ocupação de agricultores sem terra, o projeto piloto de recuperação florestal na Fazenda Peugeot e a fazenda do grupo Carrefour. Em Juína, analisaremos dentro das políticas públicas a problemática indígena no estudo de um projeto de desenvolvimento sustentável (PROAMBIENTE). No Pantanal, visitaremos atividades de pecuária em zona úmida, Bacia do Rio Paraguai, e mineração de ouro, Poconé. No litoral paulista, analisaremos a Mata Atlântica e os desafios da expansão urbana.
Jornalistas da USP e estudantes em jornalismo na Sciences Po- Paris acompanharão as equipes de campo visando relatar, por diversos meios (artigos de imprensa, blog, etc.) os trabalhos realizados pelos estudantes, as atividades desenvolvidas no decorrer desta viagem de estudos bem como as regiões pesquisadas. Em várias cidades (Cuiabá, Sinop, Alta Floresta e Juína) ocorrerão seminários científicos organizados com as universidades locais.
Os estudantes propõem organizar exposições de fotos temáticas itinerantes em coordenação com os parceiros institucionais e privados que participarão do financiamento desta operação, tanto no Brasil como na França. É possível pensar também em apresentações às empresas participantes, aos colegas do Departamento ou da região, etc.
Um seminário final, de restituição, esta previsto na USP no final da viagem de estudos. Ele servirá para apresentar os diferentes estudos de campo realizado ao longo de mês de julho. Está também previsto um relatório escrito, informativo, relatando as experiências em cada uma das etapas de missão. O mesmo será, em principio, um documento base que servira à uma publicação de uma obra de síntese bilíngüe, organizada à semelhança do livro Environnement et Télédétection au Brésil , construído essencialmente com base na viagem de estudos realizado pelo COSTEL em 1999.
Vários trabalhos poderão, de acordo com sua qualidade cientifica, originar artigos e publicações em colóquios nacionais ou internacionais, ou ainda, serem enviados a revistas com comitê avaliador.
Estamos, evidentemente, abertos a outras proposições complementares que possam contribuir com os objetivos científicos, profissionais e educacionais deste projeto.
Portanto, é um projeto que valoriza a boa formação de gestores ambientais e geógrafos do Brasil, visando a obtenção de conhecimento científico para a compreensão das dinâmicas da região amazônica, parte significativa deste grande país que é o Brasil.
“França.Br 2009” de Ano da França no Brasil (21 de abril até 15 de novembro) é organizada:
– na França: pelo Comissariado Geral Francês, pelo Ministério das Relações Exteriores e Européias, pelo Ministério da Cultura e da Comunicação e por Culturesfrance.
– no Brasil: pelo Comissariado Geral Brasileiro, pelo Ministério da Cultura e pelo Ministério das Relações Exteriores.